Dicionário do Aurélio
Dicionário do Aurélio
Em 1975 ganhei de presente de aniversário a primeira edição do dicionário de Aurélio Buarque de Holanda. Embora haja posteriores publicações, de edições atualizadas, seguindo os acordos ortográficos dos países lusófonos e de novos verbetes, mantenho aquela primeira edição, por haver um apelo sentimental muito forte; além da dedicatória, há assinaturas de meus ex-colegas do departamento onde eu estava lotado. Alguns até não mais estão sobre a Terra.
Trabalhava em uma grande companhia holandesa, na divisão de Santo Amaro, em São Paulo, Capital. Organização onde laborei por mais de vinte e três anos. É que há algumas décadas se faziam carreiras nas empresas; o empregado de muitos anos era valorizado, diferentemente de hoje; com efeito, o mercado hoje valoriza aqueles profissionais que já passaram por várias empresas; os que ficam muito tempo nos quadros de uma organização, são considerados acomodados. Havia avaliação de desempenho, mas não era um sistema de metas e objetivos e de pressão, como é feito hoje em dia. O empregado que era disciplinado, que estudava, que era dedicado ao trabalho, que era honesto e que era fiel a empresa, era valorizado; e a ascensão profissional era consequência dessas qualidades. Havia, como em toda empresa, os puxa-sacos e os que faziam política e que até vendiam o trabalho que os outros faziam, como se fosse feito por eles, havia. Mas essa gente tinha pernas curtas e não resistiam por muito tempo enganando.
Voltando ao assunto inicial, mensalmente contribuíamos com um valor, digamos, correspondente a R$ 10,00. Era estabelecido, de acordo com reuniões do grupo, um valor máximo para um presente, caso fosse superior a pessoa teria que completar. Esse dinheiro arrecadado que formava um fundo, era administrado por alguém de nosso grupo, em um sistema de rodízio. O responsável prestava contas do saldo do fundo, mensalmente e fazia um pré-cálculo para apurar se o fundo era suficiente para arcar com os compromissos futuros, para cobrir todos aniversários. Todo mês havia no mínimo um aniversariante, de forma que ninguém ficava sem presente. À guisa de informação, também havia uns poucos que não queriam participar, contudo não ganhavam presente. Tínhamos a opção de escolher o “regalo”, conforme foi o meu caso. Mas havia alguns que não queriam escolher, e delegavam o trabalho de escolher ao grupo.
Há muito tempo uso os dicionários virtuais, são mais práticos, mais acessíveis, não ocupam espaço na estante, e são mais baratos. Por amor ao papel e ao prazer que me dar ao manusear um livro, de vez em quando abro suas páginas a procura de significados, de grafia das palavras.
Descartar o volumoso Aurélio, de um papel especial não, ainda não tive coragem.
Trabalhava em uma grande companhia holandesa, na divisão de Santo Amaro, em São Paulo, Capital. Organização onde laborei por mais de vinte e três anos. É que há algumas décadas se faziam carreiras nas empresas; o empregado de muitos anos era valorizado, diferentemente de hoje; com efeito, o mercado hoje valoriza aqueles profissionais que já passaram por várias empresas; os que ficam muito tempo nos quadros de uma organização, são considerados acomodados. Havia avaliação de desempenho, mas não era um sistema de metas e objetivos e de pressão, como é feito hoje em dia. O empregado que era disciplinado, que estudava, que era dedicado ao trabalho, que era honesto e que era fiel a empresa, era valorizado; e a ascensão profissional era consequência dessas qualidades. Havia, como em toda empresa, os puxa-sacos e os que faziam política e que até vendiam o trabalho que os outros faziam, como se fosse feito por eles, havia. Mas essa gente tinha pernas curtas e não resistiam por muito tempo enganando.
Voltando ao assunto inicial, mensalmente contribuíamos com um valor, digamos, correspondente a R$ 10,00. Era estabelecido, de acordo com reuniões do grupo, um valor máximo para um presente, caso fosse superior a pessoa teria que completar. Esse dinheiro arrecadado que formava um fundo, era administrado por alguém de nosso grupo, em um sistema de rodízio. O responsável prestava contas do saldo do fundo, mensalmente e fazia um pré-cálculo para apurar se o fundo era suficiente para arcar com os compromissos futuros, para cobrir todos aniversários. Todo mês havia no mínimo um aniversariante, de forma que ninguém ficava sem presente. À guisa de informação, também havia uns poucos que não queriam participar, contudo não ganhavam presente. Tínhamos a opção de escolher o “regalo”, conforme foi o meu caso. Mas havia alguns que não queriam escolher, e delegavam o trabalho de escolher ao grupo.
Há muito tempo uso os dicionários virtuais, são mais práticos, mais acessíveis, não ocupam espaço na estante, e são mais baratos. Por amor ao papel e ao prazer que me dar ao manusear um livro, de vez em quando abro suas páginas a procura de significados, de grafia das palavras.
Descartar o volumoso Aurélio, de um papel especial não, ainda não tive coragem.
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