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Mostrando postagens de abril, 2019

A Caixa d'água do Grupo Escolar Dr. Silva Mariz

A Caixa d'água do Grupo Escolar Dr. Silva Mariz O que mais chamou-me à atenção naquele dia de visita a Mesopotâmia do Sertão(geograficamente centrada entre os Rios Piranhas e do Peixe), a Pedra Talhada ou por último Marizópolis, foi a caixa d'água do Grupo Escolar Dr. Silva Mariz. Eu era criança, beiradeira, vindo do Sítio Carnaúba, situado em outro município que era Antenor Navarro, e só havia estudado com professores particulares, entre eles o professor Olinto, que juntava um magote (coletivo que meu tio Toinho Alves gostava de usar) de crianças para ministrar aulas na sala da casa de dona Maria Patrício, a eterna confeiteira de sequilhos, ainda na Carnaúba; creio que o primeiro nome dele era Antonio, como o meu o é. Olhei para caixa d'água demoradamente e fiquei a imaginar se um dia eu estudaria ali; e minha fantasia me conduzira a concluir que aquela edificação era um “tamborete”, uma “cadeira” sem o espaldar, onde os alunos sentavam, vestidos de uniforme, com seus

Furtaram meu relógio

Furtaram meu relógio. Por ter passado de ano(não fizera mais que minha obrigação!) meu pai me presenteara com um relógio de marca “Ernavin”, dourado, mas não era de ouro, tampouco densamente banhado por esse metal precioso; também não era um “Roscopf” ou “Roscofe", aportuguesado. O Roscofe era um relógio, àquela altura dos anos sessenta, barato e de má qualidade. Ás vezes, por brincadeira, alguém dizia: “Que horas são aí no seu Roscofe?” Era uma ofensa para quem tinha um bom relógio. Usava aquele relógio quando saía para ir a escola, a festas, e à noite para dar minhas paqueradas ouvindo o som da difusora de seu Otacílio, na Praça Francisco Braga; ou seja, em ocasiões especiais. Certo dia procurei meu relógio no guarda-roupa, no bolso de um paletó, lugar que sempre o guardava; creio que era meu paletó branco usado na primeira comunhão. Para minha surpresa não o encontrei, e procurei por todos os cantos da casa e nada do relógio. Passado alguns dias, meus pais decidiram c

Pedra Maravilha

Pedra da Maravilha - Belém do Brejo do Cruz-PB. Um dia ela cairá e rolará sobre o cascalho, Seguindo o curso normal da vida da Terra e do Universo; Num tempo que não pára e sem atalho. Precisa-se cantá-la em prosa e verso, Na urgência de nosso curto tempo; Dado que nada é definitivo nesse solo adverso, Tudo nasce, se transforma e morre, seguindo seu intento.

Casamento

Casamento Claudio, no café da manhã voltou ao assunto da noite passada, em uma visita a um casal de amigos, ocasião em que compartilharam uma pizza com vinho. Pediu desculpas a Clarisse pelo entusiasmo com que defendera “que se tivesse pensado bem e com a vivência que tem hoje, não teria se casado.” Ele disse: “pelos nossos filhos e netos que tivemos e por você Clarisse, dizer isto pode ser lugar comum: mas eu faria tudo de novo; o que eu quis dizer, ontem à noite, foi que a responsabilidade, a falta de um de nós no futuro, porá nos ombros de quem ficar um sofrimento muito grande.” E continuou: “essa coisa bíblica, ortodoxa, já não funciona muito bem na minha cabeça. Caso não tivesse esse tipo de ligação amenizaria muito sofrimento.” Clarisse ouvia com certa inquietação as explicações de Claudio. Ela disse: “ mas, qual seria a solução ? Eu concordo que o casamento é um fardo pesado mas também não é bom ficar trocando de parceiros à toda hora; a princípio pode entusiasmar, mas de

“ Te ilude, pescoço de grude!”

“ Te ilude, pescoço de grude!” Vou em direção a Vila Romana, bairro da Zona Oeste de São Paulo, encontrar minha namorada e futura esposa. Tomo o ônibus na Praça Marechal com letreiro de destino homônimo. Sábado à noite, início dos anos setenta. Calça de jeans justa, cinto de couro largo, camiseta, chaveiro preso à arreata da calça, gravado Putz, comprado na feira hippie na Praça da República; à moda de meus colegas do Cairú Vestibulares. O ônibus percorre as ruas calçadas de paralelepípedos, ladeadas por sobrados conjugados e amplas casas de muros baixos e gradis de ferro desenhados; as ruas têm nomes de famosos personagens do Império Romano: Clélia, Tito, Aurélia, Caio Graco, Catão, Espártaco, Faustolo, etc. O coletivo é bem conservado e confortável, haja vista ser fim de semana, sempre haveria de ter assentos disponíveis. O ambiente nas ruas é de tranquilidade, aqui e acolá um bar cheio de clientes. Nessa época ainda me sentia “estrangeiro”, embora estivesse em meu Paí