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Mostrando postagens de março, 2022

Mal passado

O novo passa por cima do velho, Impiedosamente, apaga os rastros, quebra os ossos. Eu vejo, Eu sinto, Não adianta, "É assim mesmo", dizem; Parece um rolo compressor. Meu Deus! Como somos pequenos! Somos vermes que comem, Mas que também somos comidos. Ei, senhor Charles Darwin, alma imortal, o que você tem a dizer, Além do que já foi dito, É assim mesmo?  

Arouche

Era um sábado que prometia sol, depois de dias a fio de frio; pelo menos é o que noticiava o serviço de meteorologia. Afonso acordou cedo, tomou rapidamente um café e pão com manteiga em pé no balcão da cozinha, saiu e postou-se a frente do elevador no décimo andar. Fora comprar o jornal numa banca de revista no Largo do Arouche, ali perto. De tantas vezes que realizara esse programa, fizera amigos que sentavam nos bancos frios da praça, com o propósito de tomarem um pouco de sol e conversar. Comprou o jornal, dobrou-o e colocou-o em baixo do braço. Voltava para casa e viu um amigo que sentava no banco da praça, era o Anísio. Oi Anísio, bom dia, tudo bem? Perguntou o Afonso com um sorriso largo. Como, você não está bem? Ah é só uma gripe, que em poucos dias desaparecerá, como todas elas. Bom, mas a tosse finaliza as gripes. Se ela está insistindo vá ao médico. Ah já foi? Está tomando o remédio? Sim, não faz efeito tão rápido. O Afonso sentou-se na ponta do banco, para evitar contágio.

Amenidades

Amenidades Decidi ir na padaria comprar um frango assado, porém eu chegara um pouco cedo, era um Domingo, não um domingo como qualquer outro, de alguns anos atrás, porque havia a pandemia. As carnes, os frangos ainda ardiam nos fornos então eu tive que esperar. No passado eu costumava beber cerveja enquanto aguardava; na realidade, de propósito, até chegava mais cedo para beber uma Heiniken, que o atendente chamava de “Raiquinen”. No balcão haviam duas pessoas bebendo, aparentemente amigas de longa data, pela confiança com que falavam de assuntos íntimos. O suor da cerveja escorria devagar pelas tulipas geladas, e em copos americanos uma dose de “Esteinhaeger” para cada um. Conversavam sobre relacionamentos, mais precisamente sobre o casamento. Um deles, o mais exaltado e inconformado, dizia que o casamento era uma instituição falida, o outro concordava balançando a cabeça, com um sorriso controlado no canto da boca. Eu estava em pé apoiado em um freezer, no entanto prestava, disfarçad