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Mostrando postagens de 2022

Gritos de prazer

Vi um filme, talvez um sonho ou mesmo um conto erótico, que um casal estava em uma festa bebendo, dançando e se beijando. Nessa excitação toda decidiu fazer amor no amplo jardim da casa. O cara falava para a mulher, devido a experiências anteriores, enquanto procuravam a melhor moita: "por favor não grite, controle-se." Tiraram as roupas um do outro e foram jogando de qualquer jeito na grama. Beijaram-se muito, esfregaram-se outros tantos, usaram todas as mãos, dedos e línguas. A princípio ela só gemeu, uns gemidos das amantes japonesas, misto de gemido e de choro, mas aí ela foi aumentando o volume dos gemidos, como fazem os gatos, à medida que se aproximava do clímax, até transformar em gritos, e as pessoas, ouvindo os berros de prazer, foram para as janelas, depois saíram da casa e fizeram um círculo em torno dos corpos nus, sonolentos, com os sexos sujos de gala, jogaram champagne, vinho, vodka, sobre os sexos deles........ e bateram palmas.

Acontece só comigo?

  Acontece só comigo? Entrei em uma óptica que sou cliente há muito tempo. A lente de meu óculos “de longe” estava riscada, devido a uma queda que sofri, limpando o jardim a qual causou um corte em meu supercílio. Um japonês foi quem me atendeu e eu perguntei se podia substituir a lente e eu esperar pelo conserto. Ele disse que sim, era rápido. Em quarenta minutos o serviço estava pronto. O japonês que é dono da loja não estava lá desta vez. O mesmo que certo dia, quando pedi para fazer uma limpeza e substituição de umas pecinhas(aquelas pecinhas móveis que ficam sobre o nariz) nos óculos me perguntou se eu comprara os óculos na loja, eu disse que não; ele falou para o empregado “então não faça o serviço, para ele aprender e comprar óculos sempre aqui”. Bom, eu disse pra ele que não estava pedindo favor, pagaria pelos serviços. Aí ele concordou e cobrou as peças; ok, sem problemas. O tipo de comerciante que não enxerga um palmo a frente do nariz. Eu dizia que hoje o japonês dono não es

O sujeito

O Sujeito A maior parte das crônica e contos que escrevo há parte delas verdadeiras e outras tantas invenções minhas; não de mentiras porque este é um termo meio pesado para justificar meus escritos, mas de criação. O descrito abaixo é de uma história a mim contada, portanto, acontecida. A vítima é "o sujeito." O sujeito tem a garagem de sua casa com portão e as guias da rua rebaixadas. Veio uma senhora para visitar o vizinho e estacionou seu carro exatamente em frente a sua garagem, impedindo-o de sair. O sujeito, furioso, não ia sair naquele momento, porém qualquer imprevisto poderia acontecer e seria impossível caso ele precisasse sair com o carro dele. Bom, o sujeito abriu o portão, manobrou o carro de ré e parou rente a porta do carro da visitante e aguardou-a voltar. Com pouco tempo ela voltou. Viu um carro encostado ao carro dela, olhou o sujeito, dono do carro que estava em pé, esperando-a. Aí ela pediu mil desculpas e ele não respondeu nada, nem

Maximiliano

Maximiliano estacionou seu carro em frente a uma loja de roupas. Observava uma mulher enquanto bebia uma lata de cerveja gelada, comprada minutos depois de estacionar, em um supermercado. Aparentemente a mulher esperava o marido pois falava ao celular, gesticulava, como se dissesse: “estou lhe esperando aqui no estacionamento, não demore” e deve ter dado mais detalhes, pelos gestos mostrados e o tempo que falava; às vezes ria, às vezes franzia o cenho. A mulher foi melhor observada por ele, em detalhes, quando ele entrara no supermercado. Era alta, morena e bonita, muito feminina, “qualidade que aos poucos torna-se rara hoje em dia”, balbuciou baixinho entre os dentes alternando um gole e outro da cerveja. Ela perecia ter tido filhos porque seus quadris eram um pouco mais largos, o que para o Maximiliano era um "bonus", gostava de mulheres maduras. Ainda dentro do supermercado viu que ela o olhou discretamente por cima do ombro direito, enquanto lia o rótulo de um produto. El

Lagartixa branca

  Lagartixa branca Por causa da pandemia, quando saiu de casa, pela primeira vez, J. Quarentena estava branco que parecia uma lagartixa, daquelas que moram atrás do espelho de banheiro, transparente, que dar para ver o intestino cheio de cadáveres de moscas, mosquitos e pernilongos. J. Quarentena abriu a porta, olhou para todos os lados, desconfiado, foi para rua, não havia uma viva alma àquela hora, como um cena desértica na Lua, em Marte ou mesmo em Chernobyl, depois do acidente com a usina nuclear. Mas aí apareceu um casal de idosos(e por que não velhos?), passando em sua frente, distante, com olhos arregalados, como se pedisse para J.Quarentena não se aproximar. "Não ouse em se aproximar "Cabra Velho", eu tenho um revolver, com todos os documentos do porte de armas." Disse o velho, e sua mulher concordando com um gesto repetido da cabeça. J. Quarentena respondeu: “não faça isso, não atire em mim, estou com os olhos vermelhos, mas não é covid-19 nem Covid-20, ou

O Rouxinol e a Rosa

Eu estou bebendo um vinho. Fui comprar um frango assado na padaria para o almoço. Aqui em São Paulo é dia de frango com macarronada, com queijo parmesão ralado. À noite, um café com pão e mussarela, ou uma pizza.  Acho que já estou bêbado, estou sim; não acho, tenho certeza! Uma garrafa e tenho menos de meia taça para acabar. Não bebo sempre, mas hoje é domingo, até o padre bebe aos domingos, um vinho não é uma cerveja, não é um whisky; é a antiguidade que está na garrafa, é um líquido sagrado. Sai da garrafa como na lâmpada de Aladim. Sem a frescura de bocejar, cheirar, fazê-lo rodar na taça ou cheirar a rolha. Você bebe o vinho para pensar. Pensar, refletir, o tempo todo. É que vinho pode ser bebido sem uma companhia; parece que é a bebida dos solitários. Pensando de como as coisas mudaram. Os meus avós reclamavam da carestia(inflação) e não entendiam o comportamento da economia e nem dos jovens, suas indecências e eu estava incluso; hoje vejo meus filhos e netos nessa ciranda, tudo

A propósito das mulheres e dos homens

A propósito das mulheres e dos homens   Com quê propósito o homem foi feito tão diferente da mulher? Pois eu acho que a natureza pecou, pecou no sentido de dar mais a um do que ao outro: a mulher é completa, não tem nada a reclamar, segundo meu sentimento de leigo, de não ser psiquiatra, mas de ser meio louco! Já o homem, coitado, faz de tudo para para levantar a ferramenta e esta depende do estado psíquico, da companheira, enfim, das rezas, das mandingas e talvez dos azuzinhos (com todos efeitos colaterais que dar até medo; que merda!). Certo dia li o pensamento de uma grande atriz brasileira, que além de ser muito competente e experiente é muito bonita. Ela disse ter pena dos homens, no sofrimento de ter que erguer a ferramenta, caso contrário nada acontece, pára tudo, decepciona, vira um inferno. Ela não disse tudo isto, eu é que fui mais longe mas, ela disse apenas que “tem pena dos homens, que têm que erguer sua ferramenta”. E a mulher fica esperando, dependente, porque pra ela ba

Mal passado

O novo passa por cima do velho, Impiedosamente, apaga os rastros, quebra os ossos. Eu vejo, Eu sinto, Não adianta, "É assim mesmo", dizem; Parece um rolo compressor. Meu Deus! Como somos pequenos! Somos vermes que comem, Mas que também somos comidos. Ei, senhor Charles Darwin, alma imortal, o que você tem a dizer, Além do que já foi dito, É assim mesmo?  

Arouche

Era um sábado que prometia sol, depois de dias a fio de frio; pelo menos é o que noticiava o serviço de meteorologia. Afonso acordou cedo, tomou rapidamente um café e pão com manteiga em pé no balcão da cozinha, saiu e postou-se a frente do elevador no décimo andar. Fora comprar o jornal numa banca de revista no Largo do Arouche, ali perto. De tantas vezes que realizara esse programa, fizera amigos que sentavam nos bancos frios da praça, com o propósito de tomarem um pouco de sol e conversar. Comprou o jornal, dobrou-o e colocou-o em baixo do braço. Voltava para casa e viu um amigo que sentava no banco da praça, era o Anísio. Oi Anísio, bom dia, tudo bem? Perguntou o Afonso com um sorriso largo. Como, você não está bem? Ah é só uma gripe, que em poucos dias desaparecerá, como todas elas. Bom, mas a tosse finaliza as gripes. Se ela está insistindo vá ao médico. Ah já foi? Está tomando o remédio? Sim, não faz efeito tão rápido. O Afonso sentou-se na ponta do banco, para evitar contágio.

Amenidades

Amenidades Decidi ir na padaria comprar um frango assado, porém eu chegara um pouco cedo, era um Domingo, não um domingo como qualquer outro, de alguns anos atrás, porque havia a pandemia. As carnes, os frangos ainda ardiam nos fornos então eu tive que esperar. No passado eu costumava beber cerveja enquanto aguardava; na realidade, de propósito, até chegava mais cedo para beber uma Heiniken, que o atendente chamava de “Raiquinen”. No balcão haviam duas pessoas bebendo, aparentemente amigas de longa data, pela confiança com que falavam de assuntos íntimos. O suor da cerveja escorria devagar pelas tulipas geladas, e em copos americanos uma dose de “Esteinhaeger” para cada um. Conversavam sobre relacionamentos, mais precisamente sobre o casamento. Um deles, o mais exaltado e inconformado, dizia que o casamento era uma instituição falida, o outro concordava balançando a cabeça, com um sorriso controlado no canto da boca. Eu estava em pé apoiado em um freezer, no entanto prestava, disfarçad

Mary Quant

Professora de sociologia Bonita Vestida de saia à Mary Quant E ela nos matava Sabia que estava nos matando Pelo prazer de matar Assassina! (Suas coxas morenas, torneadas eram suas armas). Eu dizia em minha mente: Assassina! Ela virava-se de costas e escrevia uma frase Lá em cima do quadro, (Para nos provocar?) Como se eu não tivesse dito mentalmente nada. As vítimas idiotas, Olhavam e eram apunhaladas. Ela matava todos nós, E nós sabíamos que estávamos no corredor da morte. Só escaparíamos disso por sorte. .................................... Yara Que nos leva para o fundo do mar, Que sobe as escadas de saias curtas, Que movimenta os quadris a cada degrau. Ela sabe que nos mata, Ela é uma assassina nata, Comparável a professora de sociologia. A tarde a Yara sai, Um cara vem buscá-la, na Rua Bahia, num carro conversível vermelho. Nós vemos os dois saírem, boquiabertos. Babacas! Os cabelos da Yara movimentam-se ao vento, E nós, os famintos, ficamos a olhar, só isto podemos fazer: olhar.