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Mostrando postagens de agosto, 2019

Os Jogadores da Praça

Os Jogadores da Praça Os bairros de São Paulo, devido suas dimensões, têm vida própria, como se fossem cidades distintas do todo, que compõe a Capital. Lapa, Pinheiros, Moema, Higienópolis, Tatuapé, Casa Verde, Moóca, Morumbi, Santo Amaro (este último já fora cidade independente, incorporado a Capital em 1935), etc. São alguns exemplos de “cidades”. Por vezes ver-se em praças, nesses bairros, com freqüência mal cuidadas, pessoas sentadas em bancos, aposentados jogando dama, truco, em mesas improvisadas. Em uma dessas praças, em um desses bairros, quatro freqüentadores assíduos, estão jogando dama em uma mesa quadrada e de pernas instáveis: Alberto, falador, de ascendência italiana, que toca um negócio de banca de jornal, com pouco movimento (“por causa da internet”, ele diz). Tem boa voz e de vez em quando canta alto “La Traviata” de Giuseppe Verdi; Juvêncio, motorista de táxi, que tem ponto fixo ali mesmo na praça, cuja reclamação recorrente é de uma empresa de aplicativos,

Registro 3

Registro 3 Na Rua Tito, na Lapa, havia uma empresa metalúrgica, onde trabalhei no início da década de setenta, indicado pelo meu ex-colega de escola e amigo Walter Matheus Vicente. O Walter decidira só estudar, para enfrentar o vestibular de medicina, e eu o substitui. Nesse período eu tinha concluído o curso de técnico em contabilidade, e havia iniciado um o curso de preparação para o vestibular. Ainda não havia escolhido o curso superior que ia fazer. O contador da empresa, Sr. Waldemar Mendonça me dava algumas orientações de ordens pessoal e profissional; um senhor que gostava muito de carros e tinha a aparência física do Glen Müller, usava aqueles tipos de óculos e tudo. Era alto, usava camisas de mangas curtas por fora das calças, mas sempre muito bem passadas. Gostava muito de carros. Estacionava seu carro no outro lado da rua em frente a janela do escritório para facilitar sua visão. Às vezes levantava-se olhava para seu carro através da janela, penteando os cabelos para traz

Registro 2

Registro 2 Na década de setenta eu trabalhei em duas empresas de produção de filmes comerciais para TV e de longa-metragem para o cinema. Na função de sub-contador; naquela época existia esse cargo. A primeira delas foi a G.Smith do Brasil, cujo sócio principal fora um argentino de nome Guilhermo Smith; a segunda, foi a Lutafilmes, cujo longa produzido por ela fora “O Detetive Bolacha Contra o Gênio do Crime” dirigido por Tito Teijido, baseado no livro do escritor João Carlos Marinho. O Sr. Guilhermo aparecia no escritório da empresa, para acompanhar os negócios e também quando havia alguma reunião importante com cliente, posto que residia em Buenos Aires. Vinha sempre muito elegante, de terno e gravata; parecia um nobre inglês. Conversava raramente comigo, só quando precisava de alguma informação contábil, pois o contato dele era com os outros sócios e o pessoal da produção. Quando sabia-se que ele vinha ao escritório organizavam-se tudo, punham-se tudo que estava fora de lugar

Registro 1

Registro 1 Seção de amostra de produtos da empresa Ex, meu primeiro emprego em São Paulo, em março de 1966. Wilson(o chefe), Paulo, Caetano, Nelson, Jair, eram meus colegas. Aquela era uma seção que os empregados da empresa gostavam de ir e relaxar nas horas ociosas, lavar um pouco de roupa suja, distantes dos olhos dos chefes, tomar um cafezinho servido pelo seu Casanova, que as meninas o tratavam carinhosamente de “seu Casinha”; mineiro, alto, magro, educado, de cabelos pretos penteados para traz e bigode fininho. Parecia com o comediante italiano Ciccio Ingrassia. Seu Casinha colocava a bandeja com o bule grande de alumínio, quente e cheio, e as xícaras, sobre uma mesa no centro da seção, que era a mesa do chefe. Enquanto bebíamos o café, falávamos de futebol, de programas de TV, da Jovem Guarda. Vinham secretárias de outros departamentos conversar conosco; era uma seção só de homens porque havia muitos trabalhos pesados tais como carregar e descarregar caixas de uma perua,