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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Maria

Maria Ela dizia assim que eu entrava: oi paraíba, tudo bem? Somos do mesmo Estado, a Paraíba; ela de Patos(de Espinhara) e eu de São João do Rio do Peixe. Eu respondia rindo, pelo modo como ela me tratava, e era um maneira carinhosa que ela encontrava para agradar seu conterrâneo-cliente: tudo bem e você Maria? Ela respondia que estava tudo bem, sempre estava tudo bem pra ela. Era uma pessoa que trabalhava muito naquela padaria, a maior parte do tempo no caixa e tomava conta de tudo, sabia tudo, era de confiança do patrão. Ela contava coisas de Patos, as viagens que fazia pra visitar a família, do calor que faz na cidade, etc. Quando a mãe dela faleceu ela parou de viajar pra lá, disse que não era a mesma coisa sem sua mãe. Trabalhava desde os  15 anos na padaria, deve ter sido seu primeiro emprego. Estava com 39 anos naquele fatídico dia de outubro de 2019, que pôs termo à sua jovem vida. Foi em um acidente de automóvel na Av. Francisco Morato, uma avenida muito movimentada em

A Casa de Taipa

A Casa de Taipa Certa vez "AG" foi, a pedido de seu pai, a um sítio nos lados de Timbauba onde morava um casal em uma casa muito simples, uma casa de taipa. Era um casal jovem, sem filhos ainda. O marido, "J", era alto e magro, moreno, usava um bigode fininho, como se fosse um risco de carvão acima do lábio; não havia voltado da roça, conforme previsto, de tal forma que "AG" ficou a esperá-lo. Enquanto isto "AG" foi ao juazeiro frondoso, que espalhava sombra em frente da casa, embaixo do qual "AG" deixara o cavalo; tirou-lhe a sela, deu-lhe água e uma boa porção de milho trazida no alforje. A dona da casa, "S", que era uma moça de mais ou menos vinte anos, bonita, morena de cabelos pretos bem penteados e olhos da mesma cor, rosto redondo, sorriso largo que demorava a se desfazer. Vestia um vestido simples de uma chita amarela com flores pretas, cujo tecido ajudava a desenhar os contornos do corpo; também usava c