Salada Paulista & Outros
Salada Paulista & Outros
Eu ia com muita freqüência à Salada Paulista na Avenida Ipiranga e na Avenida São João. Nem preciso dizer onde estão localizadas estas duas famosíssimas avenidas, cantadas em músicas, versos e prosas, principalmente aos domingos. Eram restaurantes que serviam refeições em grandes e altos balcões, em forma de um "U"; eram práticos, rápidos, baratos, e lotados. Gostava muito da macarronada (espaguete) com frango, molho de tomate e queijo parmesão ralado; também da sopa, à noite depois do cinema.
Outro restaurante do tipo da Salada Paulista era um que ficava na Av. Rio Branco, próximo do Largo do Paissandu, cujo nome não lembro, neste também havia vários tipos de pratos, mas o que eu mais gostava era o “Risoto à Catarina” (homenagem a florentina Regina Cathêrini di Médici): arroz(acho que não era arroz arbóreo, da receita original), peito de frango cozido, desfiado e cortado em pequenos pedaços, moela de frango cortada em quadradinhos, ervilha, cebola, alho, temperos, etc. Todos ingredientes misturados, em um só prato. Devido ao preço a cobrar dos clientes o risoto fora adaptado pelo citado restaurante, pois na receita original há vinho branco e tinto, queijo provolone envelhecido, etc., já que a rainha Catarina entendia muito de culinária.
Às segundas feiras, o “Virado à Paulista. É um prato saboroso e de um preço honesto, que podíamos pagar. Isto foi na década de sessenta, início da década de setenta.
Os restaurantes da cidade de São Paulo, têm um cardápio fixo, tradicional e semanal, além do menu: Segunda feira, Virado à Paulista; terça feira, dobradinha ou bife à rolê; quarta feira, feijoada; Quinta feira, massas a escolher: macarrão, nhoque, lasanha, ravioli, cannelloni; sexta feira, peixe; sábado, a feijoada volta. O domingo é um dia que come-se também muita massa, o “macarrão da mama”, pizzas. A cidade de São Paulo tem hábitos italianos, no sotaque e na comida, devido a quantidade de imigrantes que a partir dos séculos dezenove e vinte aqui entraram.
Nossa (a essa altura um de meus irmão mudara para São Paulo) situação financeira não era lá essas coisas, o salário acabava lá pelo dia vinte de cada mês. Aí tínhamos que encontrar um bar que nos financiasse a comida pelo resto do mês; era um círculo vicioso. Quando recebíamos o salário tínhamos que estabelecer prioridades, isto é, a quem pagar: pensão, colégio/faculdade, o bar que nos socorria, nesta ordem, e o resto era para comer, e assim por diante. Roupas e sapatos comprávamos com o décimo terceiro salário no fim do ano. Nossa diversão era o cinema.
ALS
Dez-2024
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