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Mostrando postagens de junho, 2021

Baile nos anos 60

Baile nos anos 60. Uma história quase verdadeira, de tanto ouvir, de tanto contar, e de algumas invenções ficou assim. Local: numa cidadezinha interiorana qualquer. Personagens principais: Oswaldo, filho bastardo do prefeito. Raquel: ex-miss do Município. A Raquel era uma moça muito bonita e arrogante, não queria dançar com o rapaz que a olhava com os olhos pidões. Ela estava sentada à uma mesa com o pai, a mãe e um irmão pequeno. Todos bebendo cerveja com guaraná, só o garoto bebia crush. Toda vez que o Oswaldo a olhava, ela desviava o olhar. Não era timidez, ela estava evitando ser convidada pra dançar com ele, pois não curtia nenhuma simpatia por ele. Mas Oswaldo cismou que tinha que dançar com a Raquel, era insistente e usava da influência do pai político, para humilhar as pessoas. Foi até a mesa e falou , com um sorriso cínico esticando os lábios num canto só da boca. Oswaldo: vamos dançar? Raquel: olhou para a mãe e para o pai como se lhes pedisse permissão para ace

Mãe

Por causa da caçada ao bandido, serial killer, em Goiás, fiquei pensando na figura da mãe, no papel, no poder e na defesa que ela faz aos filhos. Para mãe não há filho feio. Minha mãe, e de meus quatro irmãos, achava a coruja o bicho mais feio do planeta. Aí uma mãe, em conversa com ela, dizia “meu filho é bonito”; depois da conversa mãe dizia “a coruja também acha bonito os filhos dela”. Pode ser o pior bandido a mãe o defende. A relação da mãe com filho desde o início da vida, é simbiótica. E gesta um filho por nove meses e cuida do filho a vida toda. (Ultimamente tem aparecido na imprensa sensacionalista, mães que mataram filhos ou jogaram-nos no lixo, mas isto não é mãe, é outra coisa). É perda de tempo a imprensa procurar uma mãe para informar onde seu filho bandido estaria escondido. Para mãe não existe filho bandido. A mãe é tão importante que até para tirar documentos, tais como passaporte, identidade, prova de vida, etc, ela é nome obrigatório. Não é a toa que na determina

Cintia Chagas

Tenho visto uns vídeos da professora Cintia Chagas, ensinando Português. Ela dá muito boas dicas. A Marcela Tavares também, só que a Marcela é mais humorista, coloca duas laranjas em cada lado do "sutien" e diz: gente, pelo amor de Deus não existe “eu mim apaixonei, pelo amor de Deus; fale eu “me” apaixonei. Cintia Chagas além de professora é autora de livros de Português, tem muito boa postura e também é daquele tipo de professora que o aluno se apaixona.  A internet, como vocês sabem, está cheia de coisas boas e ruins; temos que ter discernimento para separar, o joio do trigo,  ter uma visão crítica. Mas muita gente engole o que escrevem, da forma que vem aí se engasga, se entala. Português é uma matéria muito importante, é nossa língua, vamos tratá-la bem. A professora Cintia diz que para conseguir emprego, namorar, prestar exames, precisa-se de bom Português.   Eu sempre dou exemplo de um ex-vizinho que é advogado e daqueles que gostam de aparecer e se auto elogiar(eu ach

Os Filhos de Jeca Tatu

“ Os Filhos de Jeca Tatu” Era assim que nós éramos chamados, os filhos de Assis Simão e Lucilinha. Curiosamente, Jeca Tatu não usava sapato ou bota. Mãe contou-me essa história várias vezes e todas as vezes ríamos muito juntos ! Porque mãe tinha sorriso, humor e choro fáceis. Às vezes juntava tudo, numa tacada só, talvez para deixar a coisa mais realista. Pai encomendava pra nós botas e sapatos a Zé Valdevino, que era um sapateiro, digamos, oficial de Marizópolis, cuja oficina era localizada no prédio da esquina, que nós olhamos pra ele a vida toda, onde ela e pai se casaram fugidos, num dia de feira. Eu ia tirar os moldes dos pés, que a princípio eram de papel, depois eram passados para o couro; e eu ficava olhando para aquelas formas de sapato, com três pés de ferro, de madeira, por cima da mesa já toda manchada de tintas e também pelo chão, e as latas de colas e couros cortados espalhando os cheiros próprios desses materiais. E Zé Valdevino com um lápis preso a orelha, ouvia as

Você sabe fazer tapioca?

Você sabe fazer tapioca? A Rua Augusta, na parte que desce para os Jardins, era muito chique, tão chique como é hoje a Oscar Freire. Com o surgimento dos shopping Centers as lojas famosas da Augusta migraram para os Shoppings ou para Oscar Freire. Os playboys das décadas de 50 a 70 trafegavam pela Augusta em alta velocidade, como cantava Ronnie Cord em 1963. Ainda peguei uma beirada desse tempo, inclusive com o bonde. porém, na Augusta eu só ia passear ou tomar um cafezinho, parar em uma livraria, pois as roupas nessa via eram muito caras, longe de quem se protegia do frio com uma japona comprada na Rua José Paulino. “Um rapaz latino - americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, vindo do interior” diria mais tarde Belchior. Na Augusta que desce em direção ao centro, na chamada Baixa Augusta era a parte popular, com vários tipos de lojas(trabalhei em uma loja de sapatos em 1966) e restaurantes. À noite era e ainda é, palco de prostitutas, garotas de programa, bêbados,

Caminhadas

Gosto de caminhar aqui pelas ruas do condomínio, porque é calmo, arborizado. Aqui tem gente boa e gente idiota, como em todo lugar; tem gente rica e gente que quer ser rica, mas não pode, porém invejam as abastadas. Mas é assim mesmo. Mudamos pra cá em 1994, quando havia poucas casas e a Rodovia Raposo Tavares, que é a principal artéria de ligação com a  Capital e com o interior, era tranqüila. Havia tempos que eu corria, hoje só caminho. Em minhas caminhadas converso sozinho, como se estivesse conversando com alguém, e muitas vezes falo e repondo em Inglês para não esquecer esse idioma; também, em casa, leio e traduzo Inglês para Português porque dizem os entendidos que essa prática ajuda a evitar o Alzheimer. Pode parecer coisa de louco, mas como dizem que de médico e de louco, todos nós temos um pouco. Em meu percurso cruzo com muita gente que me cumprimenta e responde meus cumprimentos, outros que nem olham pra minha cara, mas é assim mesmo. Não deixo de dormir por causa disso, até

Ayres

Ayres Costumava ir a uma associação de ex-funcionários de uma empresa que trabalhei muitos anos, em um local muito bem situado na Vila Mariana. Lá encontrava ex-colegas, ouvia as histórias, estórias e até fofocas. Numa dessas vezes encontrei Antonio Ayres, um descendente direto de portugueses, meu xará. Eu iniciei a conversa, entusiasmado: Oi xará, há quanto tempo, hein ! Como vai, etc. Esses inícios de conversas de elevador. Rapaz, tudo bem, respondeu ele, com exceção de algumas mortes. - O quê? - Sim, e de gente que trabalhou diretamente com você. - Lembra do André, aquele rapaz educado, alto e de boa pinta? - Lembro, lógico. - Morreu. - Não me diga isto, Ayres. - Ele se matou. - Caramba Ayres, um cara tão novo. - A gente não sabe o que passa na alma das pessoas, é um mistério. - Sabe de outro que morreu? - Não. - Almeida. - Não me diga, o ferramenteiro? - Sim, foi receber um aluguel atrasado, o inquilino não pagou. Só foi a hora de chegar em casa e morreu d