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Mostrando postagens de maio, 2020

Quarentena

Por Causa do Coronavírus Começo este texto com uma frase de Thomas Paine: “Estimamos pouco aquilo que obtemos com demasiada facilidade”. Pois bem, estamos enfrentado dias em que sentimos a liberdade ser tolhida por um vírus letal. A liberdade é um bem que estimamos e parece que sentimos mais a falta dela quando não a temos, ou quando a temos parte. As viagens, os teatros, os cinemas, os museus, etc, podem estar disponíveis, coisas que às vezes não podemos pagar, gozar, visitar, mas por sabermos que estão lá à disposição, já é um alento. Quando moramos em Manaus por quatro anos, a cidade não tinha o que a Cidade de São Paulo oferecia de entretenimento, e muitos colegas da empresa que também foram transferidos para a Capital do Estado da Amazonas, se queixavam, as esposas reclamavam, nossos filhos demoraram a se adaptar. Um dia sentamos, conversamos para acabar com a choradeira. Dissemos que havia muita coisa em São Paulo, mas nós raramente freqüentávamos ou nunca utilizávamos

O homem de branco

Às sete da noite Sebastião avisou à Elvira, sua esposa, que ia jogar sueca na casa de Juvenal, e saiu. Já começava a escurecer, mas previa-se noite de Lua Cheia, devido a esse fato, na volta para casa o caminho estaria iluminado por nosso satélite; de qualquer forma se preveniu enfiando uma lanterna a pilha, no bolso de trás da calça. A casa de Juvenal ficava a mais ou menos dois quilômetros, distância que ele cobriria em pouco tempo a pé. Afinal, jogavam cartas pelo menos uma vez por semana, geralmente aos sábados, e aquele dia era sábado. Acostumara a fazer esse trajeto, sabia onde havia buracos, curvas, árvores frondosas feito um juazeiro que espalhava sombra sobre o caminho. Logo no início do caminho, havia um pau D'arco há muito tempo morto, de galhos secos, por ter sido atingido por um raio, que agora servia de local para pouso de urubus. Ele olhava para os urubus e pensava como aquelas criaturas viviam de comer só carne podre. Tentava justificar para si que aqueles animai

O Casal de idosos

Há alguns dias que o casal de idosos não passava caminhando aqui na rua. Agora o acompanho pela janela; as janelas nesse período de reclusão, de vida monástica, são nossas câmeras de filmar. Ele alto e magro, deve estar acima dos setenta, ou pertinho dos oitenta, dado que gente magra engana um pouco a idade; de boné, e um bom molejo nas pernas, que parece deslizar sobre o asfalto; ela é robusta, cabeça à altura dos ombro dele, também de boné, com a alça de ajuste prendendo os cabelos castanhos para trás, feito um rabo de cavalo. É uma casal simpático que mora na rua de cima, em uma casa espaçosa, de quem a construiu para criar muitos filhos; imagino que agora a casa seja grande para os dois, já que os filhos estão cuidando das próprias vidas, como deve ser. Ele me cumprimenta, ela não; acho que ela pensa: ele já o cumprimentou, é suficiente. Certo dia, na época da produção das amoreiras, parei em frente a casa deles onde há uma frondosa árvore, cheia de ramas, que escorrem como l