Um sonho dentro de outro


Um sonho dentro de outro

Há alguns dias vi um especial sobre a construção de Brasília, desde o início da obra, e, enquanto assistia a matéria, pensava que muita gente de Marizópolis fora trabalhar como “candango” lá na nova capital. Uma dessas pessoas, que me lembro foi Patola. Talvez ele não tenha trabalhado como candango, já que era uma atividade que demandava muito esforço físico e era a menos remunerada. Os candangos, engenheiros, arquitetos, trabalhavam dia e noite porque Juscelino Kubitschek queria a capital pronta em 21 de abril de 1961.

Muitas vezes ouvi alguém informando que um caminhão estava formando lotação para levar gente de Marizópolis para Brasília, dizendo que era o lugar de ganhar-se muito dinheiro e propagava as mil maravilhas. Mas depois de muito tempo soubemos que a coisa não era tão bonita assim.

Outra lembrança que veio-me a mente foi uma novela chamada “Escalada” na qual atuaram Sergio Britto(Valério Facchini) e Tarcísio Meira (Antonio Dias), como personagens principais. Valério Facchini era um empresário da área de materiais de construção e precisava ter em Brasília um sócio que cuidasse dos negócios. Apareceu Antonio Dias como candidato, e a entrevista foi o ponto alto da novela porque Valério Facchini cutucou Antonio Dias a ponto de deixá-lo muito irritado, era um teste; Valério Facchini, por fim disse que Antonio Dias era o sócio que ele procurava. A fúria de Antonio Dias foi-se dissipando aos poucos, à medida que Valério Facchini explicava as futuras atribuições de Antonio Dias. Um show dos dois grandes atores.

Por ter assistido ao especial sobre a construção de Brasília, tive um sonho esquisito. Fui trabalhar e quando voltei no final do dia, encontrei em minha casa várias colunas e vigas de cimento já prontas e colocadas no teto. Perguntei a minha esposa o que era aquilo e ela deu-me pouca explicação, dizendo que tudo estava na planta. Saí com o pedreiro a procura do construtor e rodamos por várias ruas. Inexplicavelmente havia uma rua que não podíamos passar com o carro; a rua terminava em precipício com mais ou menos oito metros de altura que teríamos que pular, e continuar a pé. Eu disse ao pedreiro que poderia pular de abismo abaixo e cair em pé porque já havia pulado um quase igual antes. Acontece que o abismo que eu pulara, fora em outro sonho. Então o que estava acontecendo era um sonho dentro de outro sonho. O sonho terminou assim, sem eu saber se pulei o precipício ou não.

Aí lembrei de uma embolada que cantávamos quando criança: “Eu dei um pulo por cima da ligereza, quebrei tamburete, mesa, cadeira de balançar......”

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