Mais um sonho
Mais
um sonho
O
prédio era alto, liso e imponente feito um obelisco; sisudo, como um
mausoléu; as janelas de vidro rentes à fachada, davam-lhe um
aspecto de arquitetura sombria, da era stalinista.
Depois
de comer um pão com manteiga esquentado na chapa e um café bem
quente, às cinco da manhã, voltei para cama, comecei a ler e em
pouco tempo deu-me sono, cochilei uns quarenta minutos. Nesse cochilo
tive um sonho, que é recorrente, embora não freqüente, digamos que
ocorra três vezes por ano. Para esclarecer, o livro que estava lendo
era “Pássaros Feridos”, da escritora australiana Colleen
McCullough; alguém poderia sugerir que o sonho fora sugestionado
pela trama do livro, mas não teve nada a ver.
Como
eu subira ali, e chegara quase ao topo, tentando agarrar-me à
beirada do teto, faltando mais ou menos um metro para alcançá-la,
eu não sei. Comecei a cair para traz, como a queda de Kim Novak no
filme “O Corpo que Cai” de Alfred Hitchicock, mas sem o desfecho
do enredo do mestre do suspense. Acordei. Talvez eu tivesse me desmanchado no ar ou caído como um novelo em alguma parte
inacessível do cérebro, mas que um psicanalista pudesse puxar um
fio.
Dizer-se-ia
que só Freud explicaria o sentido do sonho. Não duvido, com o risco
de ter um diagnóstico de frustado sexual ou de ter sido criado pela
vó ou ainda “embaixo da saia da mãe, como diziam os antigos.
Mais
a mais o espectro de Freud pouco ou nada me ajudaria, porque não
sofro com isso; apenas me espanta.
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