Aracati & Outros/as A falta de energia elétrica, nos sítios de meus avós nem era falta(só tem-se falta daquilo que já teve-se e não tem-se mais). Havia lampiões, lamparinas, velas; e pernilongos para matar, até em torno de nove horas da noite. Estes eram espantados pela fumaça da bosta seca do gado bovino ; era recolhida dos currais e das pastagens, colocada ao sol para secar e quando seca guardada. Colocava-se pedaços em latas de goiabada vazias, acendia-se e pronto, a fumaça subia, com cheiro de capim seco queimado. Nesse horário entrava(e ainda entra) o “Vento Aracati”, refrescante, que vem das praias do Ceará. Por causa desse vento abençoado os pernilongos davam uma trégua. A serpentina, comprada nas mercearias, era usada dentro de casa. Já dentro de casa, meu avô abria a Bíblia sobre uma grande mesa de madeira, que ele próprio fizera, as folhas do livro sagrado já estavam amareladas, algumas páginas dobradas que mostravam quanto esse livro havia sido usado. Lia p
O texto a seguir é uma tentativa de relatar a história dos Lins de Albuquerque, do alto sertão da Paraíba, a partir de minha bisavó Aprigina Lins de Albuquerque, seus irmãos e filhos. Digo tentativa porque é uma família numerosa, espalhada pelo Brasil e até pelo exterior. Não é uma árvore genealógica, tampouco biográfica, mas de vez em quando, quando oportuno, pincelar sobre suas vidas. A região que abrange esse povoamento, é principalmente: Nazarezinho, Coremas, Sousa, Cajazeiras, Marizópolis, São João do Rio do Peixe, etc. Meu primeiro impulso foi perguntar a minha prima legítima, Iraci Albuquerque, que é professora aposentada em Nazarèzinho, se ela tinha alguma lembrança de nossa bisavó. Ela me respondeu: "ela me obrigou a comer angu com leite." Pensei: hoje eu adoraria comer angu com leite com carne de sol assada. De minha parte, quando nasci, fui pesado na balança de pesar algodão de meu avô materno Antonio Rodrigues dos Santos, que ficava presa em um galho da grande ara
A seca de 1958 Tia Apriginha (irmã de minha mãe Lucia Lins), Trajaninho seu marido, o qual nós crianças o tratávamos de tio, por ser casado com essa minha tia; e toda família, chegaram lá em casa em Marizópolis com móveis, roupas e ferramentas de trabalho de meu tio que era ferreiro. Colocaram tudo em um espaço que seria mais tarde uma garagem, e também no quintal. Foi em 1958, ano de uma das maiores secas que os Estados da Paraíba, Rio Grande do Note, Pernambuco, Ceará, enfrentaram. De repente a quantidade de moradores de nossa casa mais que duplicou. Naquele ano muita gente migrou para o Sudeste, principalmente para São Paulo e Rio de Janeiro, em busca de melhores condições de vida. Mas essa gente não era treinada, trabalhava na agricultura de subsistência, em biscates, não tinha habilidade para concorrer com os trabalhadores das indústrias em São Paulo e no Rio, cabendo-lhes quando muito, o trabalho duro de servente de pedreiro na construção civil. Enfrentavam temperaturas bai
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