“A Prévia” Era um bar em Manaus que tinha este nome porque reunia mais pessoas às quartas feiras. Como era um dia no meio da semana, diziam os freqüentadores que era uma prévia do fim de semana. Havia comentários que alguns freqüentadores iam lá no bar para discutirem e oporem-se a política de promoções, desligamentos e problemas salariais das empresas sediadas na Zona Franca. Diziam que faziam “panelinhas”. Tendo em vista que os cargos executivos eram ocupados por empregados transferidos, principalmente de São Paulo, conhecidos como “expatriados”. As cervejas servidas naquele bar eram muito boas, tais como as marcas Cerpa(do Pará) e a Cerma(do Maranhão). A Cerpa, em minha opinião, é a melhor; comercializada em meia garrafa como fazem a Heineken, Stella Artois, etc. Haviam também as marcas nacionais, e a melhor delas era a Antártica que dizem que era destilada com a água local. Serviam também os peixes da região: pirarucu, tambaqui, tucunaré, jaraqui, “et cetera”. O jaraqui era o mais...
Não tínhamos muito interesse pelo Ano Novo, festejávamos mais o Natal; para nós havia razões para seguir o que os padres e pastores pregavam. Mas as coisas foram mudando, aos poucos, em pequenas doses, em um tempo que não está tão longe. Não sei porque as Igrejas não conseguiam manter as pessoas no âmbito das religiões. Não tem nada a ver com progresso, “isso não é progresso, isso é tentação do diabo” assim dizia seu João da bodega. E seu João apontava para pintura de Cristo crucificado, pendurada na prateleira dizendo para seus fregueses que bebiam cachaça com raiz de catuaba: “este homem nos salvou” e todos, concordavam e, por respeito, tiravam os chapéus das cabeças. Íamos para as igrejas católica e Batista, porque a família, àquela altura, estava dividida(não era uma divisão exata, havia mais parentes na Igreja Católica) pois tínhamos avós nas duas religiões. Chamavam os protestantes de “bodes”, muito antes do “politicamente correto”. Em um dos livros do Jorge Amado, não me lembr...
O Louco Naquele dia de manhã de verão uma mulher olhou para a calçada, atrás da cortina da janela de seu apartamento no primeiro andar de um prédio, e viu um homem, seu conhecido e vizinho, sentado no meio-fio da calçada, falando e gesticulando sozinho, falando ao vento, e alto. Era uma figura presente e conhecida dos moradores daquela rua. (O prédio que a mulher morava, curiosamente, tinha o número final que era a soma dos dois primeiros). Certo dia a mulher estava incomodada e impaciente, desceu e disse: “olha, você é um louco daqueles que jogam pedra na lua; eu quero lhe dizer que eu sou mais louca que você, às vezes fico enfezada sem nenhum medo de você e posso bater-lhe nessa cara suja”. “ Está me entendendo? Disse ela”. Aquele louco, tinha boa memória, conhecia e lembrava de quase todos moradores da rua, em momentos falava dos vizinhos como se estivesse qualificando um personagem. Ele falava como se alguém estivesse à sua frente: “olha fulano, estou lhe falando a ...
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