Baile nos anos 60

Baile nos anos 60.

Uma história quase verdadeira, de tanto ouvir, de tanto contar, e de algumas invenções ficou assim.

Local: numa cidadezinha interiorana qualquer.

Personagens principais:

Oswaldo, filho bastardo do prefeito.

Raquel: ex-miss do Município.

A Raquel era uma moça muito bonita e arrogante, não queria dançar com o rapaz que a olhava com os olhos pidões. Ela estava sentada à uma mesa com o pai, a mãe e um irmão pequeno. Todos bebendo cerveja com guaraná, só o garoto bebia crush. Toda vez que o Oswaldo a olhava, ela desviava o olhar. Não era timidez, ela estava evitando ser convidada pra dançar com ele, pois não curtia nenhuma simpatia por ele. Mas Oswaldo cismou que tinha que dançar com a Raquel, era insistente e usava da influência do pai político, para humilhar as pessoas. Foi até a mesa e falou , com um sorriso cínico esticando os lábios num canto só da boca.

Oswaldo: vamos dançar?

Raquel: olhou para a mãe e para o pai como se lhes pedisse permissão para aceitar ou para recusar o convite.

Raquel: não disse nada do que estava pensando, que na realidade pensara em mandá-lo pentear macacos, catar coquinhos, coisas do tipo. No entanto, preferiu dá uma desculpa esfarrapada : meus sapatos estão apertando muito minhas joanetes, estou evitando dançar.

O Oswaldo, num gesto que não lhe era afeito, pediu desculpa e saiu, frustrado. Depois de um tempo, alternado drinks de whisky e soda limonada, voltou a olhar para a mesa onde a Raquel estava sentada e não a viu, pode ter ido ao banheiro, pensou, mas não. Olhou para o salão e a viu abraçada ao pescoço de um rapaz, dançando como se estivesse calçando os sapatos mais confortáveis do mundo, como se estivesse usando sapatilhas de balé.

O Oswaldo pensou: ah, é assim? Ato continuo convidou outra moça pra dançar, a qual aceitou o convite incontinenti e a conduziu dançando, como se estivesse escorregando, deslizando até se aproximar da Raquel que dançava se requebrando alegremente. Chegando mais perto ele falou em voz bem alta que ecoou em todo ambiente do clube, e olhando pra Raquel disse: que cheiro de ovo podre, você peidou? Alguém peidou e eu acho que foi você, apontando a Raquel de frente. A Raquel morrendo de vergonha, pois as mãos no rosto, começou a chorar. Aí pararam o baile, os músicos pararam de tocar, gritos, sussurros de mulheres, histerismos, troca de tapas e empurrões do pai da Raquel com o Oswaldo, do Oswaldo com o rapaz que dançava com a Raquel.

Os seguranças acessaram a pista de dança e expulsaram com dificuldade o Oswaldo do Clube.

O baile continuou murcho.

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