Lagartixa branca

 

Lagartixa branca
Por causa da pandemia, quando saiu de casa, pela primeira vez, J. Quarentena estava branco que parecia uma lagartixa, daquelas que moram atrás do espelho de banheiro, transparente, que dar para ver o intestino cheio de cadáveres de moscas, mosquitos e pernilongos. J. Quarentena abriu a porta, olhou para todos os lados, desconfiado, foi para rua, não havia uma viva alma àquela hora, como um cena desértica na Lua, em Marte ou mesmo em Chernobyl, depois do acidente com a usina nuclear. Mas aí apareceu um casal de idosos(e por que não velhos?), passando em sua frente, distante, com olhos arregalados, como se pedisse para J.Quarentena não se aproximar. "Não ouse em se aproximar "Cabra Velho", eu tenho um revolver, com todos os documentos do porte de armas." Disse o velho, e sua mulher concordando com um gesto repetido da cabeça. J. Quarentena respondeu: “não faça isso, não atire em mim, estou com os olhos vermelhos, mas não é covid-19 nem Covid-20, ou mesmo 25; conforme as numerações ou denominações que laboratórios e governos dão”. É porque estou chorando de alegria de ver o Sol; como o Sol é bonito, não é?! Os velhos nada responderam, se afastaram lentamente, caminhando, olhando para traz....
Agora, nem quero dormir, pensou J. Quarentena, eu quero é ver a Lua cheia, bem cheia para eu ler um poema para ela, olhar para ela, como se olhasse para um grande amor(e não é?), e sorrir, sorrir muito, como eu sorria vendo o palhaço no circo, e acompanhá-la cruzar o céu azul, o céu azul límpido e frio.....

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