O Rouxinol e a Rosa

Eu estou bebendo um vinho. Fui comprar um frango assado na padaria para o almoço. Aqui em São Paulo é dia de frango com macarronada, com queijo parmesão ralado. À noite, um café com pão e mussarela, ou uma pizza.  Acho que já estou bêbado, estou sim; não acho, tenho certeza! Uma garrafa e tenho menos de meia taça para acabar. Não bebo sempre, mas hoje é domingo, até o padre bebe aos domingos, um vinho não é uma cerveja, não é um whisky; é a antiguidade que está na garrafa, é um líquido sagrado. Sai da garrafa como na lâmpada de Aladim. Sem a frescura de bocejar, cheirar, fazê-lo rodar na taça ou cheirar a rolha. Você bebe o vinho para pensar. Pensar, refletir, o tempo todo. É que vinho pode ser bebido sem uma companhia; parece que é a bebida dos solitários.

Pensando de como as coisas mudaram. Os meus avós reclamavam da carestia(inflação) e não entendiam o comportamento da economia e nem dos jovens, suas indecências e eu estava incluso; hoje vejo meus filhos e netos nessa ciranda, tudo diferente de mim e de nós. Eu tenho a impressão que é assim mesmo, acontece a todas gerações.Há muita coisa caindo por terra e outras nascendo como de cimentes jogadas a esmo na terra. É isto, o ser humano criou. Nada disso foi criado por Deus, nenhum deus; simplesmente acontecem como o rotineiro nascer do sol e dos buracos negros. Acredito em Deus, mas tem muitas coisas que debitam na conta Dele, injustamente.

A idade vai nos dando lições o tempo todo, vai nos deixando mais sábios, porque a sabedoria não precisa de escola para florescer, para se saber, é conseguida através das observações, do tempo e do sofrimento; mais do sofrimento porque só se aprende quando sente-se dor. Como no conto "O Rouxinol e a Rosa" de Oscar Wilde.



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