O sujeito

O Sujeito

A maior parte das crônica e contos que escrevo há parte delas verdadeiras e outras tantas invenções minhas; não de mentiras porque este é um termo meio pesado para justificar meus escritos, mas de criação. O descrito abaixo é de uma história a mim contada, portanto, acontecida. A vítima é "o sujeito."

O sujeito tem a garagem de sua casa com portão e as guias da rua rebaixadas. Veio uma senhora para visitar o vizinho e estacionou seu carro exatamente em frente a sua garagem, impedindo-o de sair. O sujeito, furioso, não ia sair naquele momento, porém qualquer imprevisto poderia acontecer e seria impossível caso ele precisasse sair com o carro dele. Bom, o sujeito abriu o portão, manobrou o carro de ré e parou rente a porta do carro da visitante e aguardou-a voltar. Com pouco tempo ela voltou. Viu um carro encostado ao carro dela, olhou o sujeito, dono do carro que estava em pé, esperando-a. Aí ela pediu mil desculpas e ele não respondeu nada, nem olhou pra ela. Ela ligou o carro e foi embora. O sujeito soube mais tarde, que a senhora não era visitante, era a nora do proprietário da casa onde ela entrara. Mas esse “status” de nora do vizinho não lhe dar o direito de praticar esse ilícito. O vizinho é advogado, e tudo ele diz é que vai processar; qualquer coisa. Talvez a nora sinta-se incluída nesse direito de o sogro defendê-la; quem sabe, não é? Hoje em dia o que não falta é gente toda cheia de razão e de direitos. Uma empregada cuidadora de idosos, da mesma casa vizinha, tem um carro e estaciona diariamente com uma parte da frente tomando, digamos, uns cinquenta centímetros do espaço da garagem. Certo dia o sujeito disse: “a senhora poderia estacionar um pouco para traz? Ela perguntou se o carro dela estava impedindo-o de sair. Ora, pensou o sujeito, dar para sair, mas eu tenho que manobrar meu carro desviando do carro dela, espremido?

Mas hoje em dia tudo anda assim, dar a sensação que ninguém quer mais obedecer a nada; não só no Brasil, também em quase todo o mundo. O sujeito vê o noticiário internacional nas emissoras CNN, Fox, BBC (porque as emissoras locais para ele são difíceis de ver, estão cheias de reportagens de crimes e de mágoas; jornalistas falando Português errado e fazendo ativismo político), mesmo assim noto que não é só aqui que essas coisas ruins acontecem, em países de tradição democrática também mudaram para pior. Em países de regimes duros, anti-democráticos, que penalizam ladrões, assassinos, com variados sistemas de penas, também castigam gente honesta contrárias ao regime; restringem a liberdade política dos cidadãos fazendo-os e induzindo-os a pensar conforme eles pensam. Lá, não há “livre pensar, é só pensar”, como dizia Millôr Fernandes.

Quem faz as coisas certas paga a conta financeiramente, através dos impostos, ver-se sem direitos, só com obrigações, causando uma sensação desagradável de desamparo e de insegurança.

C'est la vie, mon amis”


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