Arouche

Era um sábado que prometia sol, depois de dias a fio de frio; pelo menos é o que noticiava o serviço de meteorologia. Afonso acordou cedo, tomou rapidamente um café e pão com manteiga em pé no balcão da cozinha, saiu e postou-se a frente do elevador no décimo andar. Fora comprar o jornal numa banca de revista no Largo do Arouche, ali perto. De tantas vezes que realizara esse programa, fizera amigos que sentavam nos bancos frios da praça, com o propósito de tomarem um pouco de sol e conversar. Comprou o jornal, dobrou-o e colocou-o em baixo do braço. Voltava para casa e viu um amigo que sentava no banco da praça, era o Anísio.
Oi Anísio, bom dia, tudo bem? Perguntou o Afonso com um sorriso largo.
Como, você não está bem?
Ah é só uma gripe, que em poucos dias desaparecerá, como todas elas.
Bom, mas a tosse finaliza as gripes.
Se ela está insistindo vá ao médico.
Ah já foi?
Está tomando o remédio?
Sim, não faz efeito tão rápido.
O Afonso sentou-se na ponta do banco, para evitar contágio.
Nossa, então é a gripe suína? É pior do que eu pensava.
O Afonso pensara em voltar pra casa deixar o jornal e convidar o Anísio para beber caipirinha, afinal era sábado. Mas diante desse quadro teria que encontrar outra companhia.
Anísio, torço para que você se restabeleça o mais rápido possível.
Sim, temos que ir ao Pacaembu assistir a alguns jogos do Campeonato Paulista, sem dúvida.
Chegando em casa o Afonso ligou para o Vieira, um amigo de longa data.
Oi Vieira, tudo bem? Vamos beber caipirinha?
Naquele bar perto do “O Gato que Ri”.
Ok, às 11 horas, combinado!
A Rosa também quer ir, não quer fazer almoço e quer comer feijoada.
Ok, então vou falar pra Bete.
Os quatro foram ao bar, beberam muita caipirinha, cerveja, comeram porções de calabresa acebolada e batatas fritas.
Foram ao “O Gato que Ri” perto das três da tarde. Em vez de feijoada comeram lasanha e beberam vinho. Após o almoço saíram pelas ruas cantando, músicas de carnaval: “mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe ….....” Todos muito bêbados. Nem imaginavam que no futuro haveria uma maldita pandemia.

 

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