Empréstimo
Empréstimo Seu Alfredo, aposentado, estava lendo o jornal matinal, devia ser em torno das dez. O telefone fixo começou a tocar: uma, duas três vezes. Ele decidiu levantar-se, ainda de pijamas, na boca um gosto de café recém bebido. Percorreu o corredor até chegar ao escritório, local onde estava o aparelho instalado. Nesse espaço de tempo começou a imaginar quem estaria ligando: alguém da família; aquele tipo de ligação que fica-se repetindo alô e ninguém responde; ou então colocam alguém dizendo que é seu/sua filho/a, desesperado/a, dizendo, com uma voz incrivelmente parecida com a dele/a, que fora roubado/a, mas aí você percebe que não é verdade quando faz algumas perguntas sem respostas confiáveis. Em umas dessas ligações pediu para a sua mulher, em paralelo, pelo celular, ligar para o filho para confirmar; aí descobriu com alívio que o filho estava em casa às onze da noite. Quando chegou ao escritório, atendeu: “alô, alô,” ouviu uma voz distante; não estava ouvindo direito...