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Imposto de Renda Pessoa Física

Imposto de Renda Pessoa Física Logo mais começará a temporada de declaração do imposto de renda, uma prestação de contas anual para a Receita Federal. Como pouca gente faz planejamento tributário, ao longo do ano, começa a correria para justificar aumento patrimonial sem a contra-partida de ganhos obtidos; despesas médicas e dentárias sem recibo; transações de compra e venda de automóvel, ou de imóvel; ginástica para “justificar” a sogra como dependente, e assim vai. O dinheiro na cueca, acaba escorregando pelas pernas, haja vista que ainda tem gente que usa o modelo samba canção. Há pessoas que não querem complicações e delega ao contador a tarefa de elaborar o formulário, e ainda quer pagar pouco; mas, mesmo assim, não se livra de dar as explicações e apresentar mais documentos quando necessários. Antigamente, havia alguém na família que fazia as declarações; era o gênio da família que podia ser um estudante de contabilidade que não tinha experiência, mas era convencid...

“Seu Varte”

“ Seu Varte” O ano era 1967. Um ex-colega de classe do Colégio Comercial Riachuelo, convidara-me para dividir um quarto com ele, num apartamento em um prédio construído, aparentemente, nos anos quarenta e poucos. Era um prédio que tinha um único andar, acima do térreo, na Rua dos Italianos, esquina com a Rua Silva Pinto, no Bom Retiro, em São Paulo. Esse ex-colega, hoje médico e amigo, já morava lá. Os donos do apartamento, eram dois idosos(na época, velhos): seu Eduardo e dona Iná. A dona Iná tratava meu ex-colega, Walter, por “seu Varte”. Ela dava mais atenção a ele e o tratava como responsável por minha admissão como inquilino. Qualquer observação sobre meu comportamento e disciplina, era o “seu Varte” que me transmitia as mensagens dela. Por exemplo: ela me pegava no pé, “indiretamente”, sobre as descargas do vaso sanitário; achava que eu esquecia de acionar a descarga quando fazia xixi, ou então os cuidados que eu deveria ter com a válvula que regulava a temperatura do chuve...

Desejo de Ano Novo

Desejo de Ano Novo Arnaldo, fizera setenta anos em junho, casado há menos de quarenta com a mesma mulher, dona Margarete, mulher que muito ama, que é mais nova cinco anos que ele. Não fez promessas neste Ano Novo: não vai fazer regime para emagrecer e nem aquele curso on line que planejara ; tem apenas um desejo imaterial, intangível: rever Leonor, um antigo amor da adolescência; não quer ser exigente, poderia até mesmo ser em um sonho. Por que essa curiosidade, essa vontade forte de rever Leonor? Após esse tempo todo, após décadas, depois de filhos e netos feitos, é loucura; pode ser pelo entusiasmo do ano que finda e pelo raiar do outro, pelos novos tempos diferentes e bons que virão, como dizem os otimistas, ou então porque ficou alguma coisa por quitar com ela, alguma coisa não resolvida, algum mau entendido, como um desejo de uma alma penada. Mas é insistente, como o pensamento que vai e volta, esse desejo dele. Pode ser até que ele use um disfarce em uma esquina, para...

Empréstimo

Empréstimo Seu Alfredo, aposentado, estava lendo o jornal matinal, devia ser em torno das dez. O telefone fixo começou a tocar: uma, duas três vezes. Ele decidiu levantar-se, ainda de pijamas, na boca um gosto de café recém bebido. Percorreu o corredor até chegar ao escritório, local onde estava o aparelho instalado. Nesse espaço de tempo começou a imaginar quem estaria ligando: alguém da família; aquele tipo de ligação que fica-se repetindo alô e ninguém responde; ou então colocam alguém dizendo que é seu/sua filho/a, desesperado/a, dizendo, com uma voz incrivelmente parecida com a dele/a, que fora roubado/a, mas aí você percebe que não é verdade quando faz algumas perguntas sem respostas confiáveis. Em umas dessas ligações pediu para a sua mulher, em paralelo, pelo celular, ligar para o filho para confirmar; aí descobriu com alívio que o filho estava em casa às onze da noite. Quando chegou ao escritório, atendeu: “alô, alô,” ouviu uma voz distante; não estava ouvindo direito...

Peru de Natal

Peru de Natal Talvez o título acima e a prática possam causar algum desconforto aos vegetarianos e aos veganos, de início peço-lhes perdão, entendo e respeito seus estilos de vida; mas ainda sou indiretamente um predador confesso. Assim como fazem os judeus e os muçulmanos, com respeito ao consumo de carne, peço perdão também ao peru; só que eles o fazem em frente ao animal vivo e eu o faço “post mortem”. O que quero dizer é que minha esposa Neide era leitora assídua da revista Claudia, e ainda o é, com menor freqüencia; mas na década de setenta ela comprava a revista mensalmente e a lia com entusiasmo. Nessa mesma década, creio que em 1975(o livro não menciona a data) saiu um livro, do Círculo do Livro, “As melhores Receitas de Claudia”. Nesse livro há uma receita de peru que desde aquela época ela segue. A organização dessas receitas, no livro, coube a Sra. Edith Eisler da editora. É uma receita que agrada a todos nós, filhos e netos. Com os miúdos da ave, cozidos, ela a...

O Vendedor de Enciclopédias

O Vendedor de Enciclopédias Havia um vendedor de enciclopédias, em meado dos anos setenta, nos tempos em que eu freqüentava a faculdade de ciências contábeis da Universidade Metropolitana de Guarulhos; era João, não me lembro seu sobrenome há essa distância de quase cinqüenta anos. Pode ser que até o final desta curta história eu me lembre. João tem (ou tinha, porque nunca mais tive o prazer de reencontrá-lo) menos de um metro e setenta de altura, caixa torácica larga, como a de um cantor de ópera; cabelos ralos penteados para cima do crânio, numa tentativa de disfarçar a calvice que se apressou em chegar; tez clara e em torno 40 anos.  (Havia vendedores de livros naquela época os quais vendiam enciclopédias, dicionários mas não em livrarias. Era o caso de um senhor que se postava em frente à Universidade. De acentuado sotaque Português, não concorria com o João; vendia livros da área de direito, administração e economia, a prazo. Lembro-me que ele vendia coleções dos jur...

Cantada de muié

Cantada de muié Deve sê bom sê cantado por muié, Deve dá até tontera, De não pudê ficá de pé; Num dá pra esquecê a vida intera, Deve saí faísca do chão inté, Até tremô de terra; Como se fosse vulcão, Mas num vô reclamá não, Nem dá uma de machão.