Um pouco de conversa
“ Só os tolos estão sempre cheios de convicção, enquanto os sábios estão cheios de duvidas” disse Bertrand Russell.
Amanheci pensando na citação acima, de um filósofo e matemático que gosto de ler. E fez-me lembrar também de um chefe que tive, negro, jornalista, já falecido: Sr. Hélio Conceição de Sá. No final dos anos sessenta, eu trabalhava em uma seção do departamento de propaganda e marketing de uma empresa conhecida no mercado brasileiro e externo que fabricava forros de tetos e divisórias, e o Sr. Hélio, como o tratávamos, era o gerente desse departamento. A seção a que me refiro, ficava em outro prédio, na mesma avenida, porque tinha amostras dos produtos, copiadora e máquina de impressão de folhetos comerciais. Usando essa impressora, imprimíamos também o “Nosso Jornal”, assinando como jornalista responsável, o Sr. Hélio; e nós contribuíamos com artigos e crônicas.
Todos os dias, antes de ir para seu escritório, onde ficava a diretoria e os acionistas da empresa, o Sr. Hélio passava, religiosamente, em nossa seção para tomarmos café juntos. E falávamos sobre diversos assuntos: em primeiro lugar dos serviços prestávamos, depois os políticos, os econômicos, os esportivos, etc.; enquanto o Casanova(contínuo mineiro) servia o cafezinho com bule de alumínio grande, cheio e quente da iguaria preta. Como eu estava na quarta série ginasial, tinha muitos bons professores, lia bastante, perguntei ao Sr. Hélio: como ele definia um país subdesenvolvido? Um assunto que falava-se muito naquele tempo e que me deixava, além curioso, inquieto. Ele me respondeu: “falta de dinheiro”. Aí eu respondi: “só isso?” Ele disse:”sim.” Depois, ele percebendo minha insatisfação com sua resposta, adicionou: “ para se desenvolver, um país precisa de muito trabalho, investimento, educação, formação de mão de obra, para girar a economia, em um ciclo constante, a longo prazo, para conseguir riqueza.”
Bom, comecei a ler alguns economistas, entre eles Celso Furtado, que na época estava lecionando na Sorbone, e se não me engano, em Cambridge(Inglaterra). O Celso Furtado falava em países periféricos, quando tratava do subdesenvolvimento. Isto dava-me um súbito desânimo, como se nós nunca mais sairíamos da periferia.
De certa forma, aos trancos e barrancos, progredimos. O calcanhar de Aquiles, entre outros, é a educação, não por falta de investimentos, mas pela destinação dos recursos; a meu ver, parte desses investimentos caem em mãos erradas.
Tive muita sorte de conviver com pessoas inteligentes, que sempre valorizavam: trabalho, estudo, família, educação; também priorizei, e ainda priorizo, conversar e conviver com pessoas que me acrescentam, para formação de meu caráter, e passar para frente essa bola. É muito egoísmo guardar para si o que se aprende.
Para finalizar, falando em sorte, cito uma frase famosa de Thomas Jefferson: “Acredito muito na sorte; verifico que quanto mais trabalho mais a sorte me sorri.”
A.LinsS.
21-07-2025
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