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Mostrando postagens de 2024

Salada Paulista & Outros

Salada Paulista & Outros   Eu ia com muita freqüência à Salada Paulista na Avenida Ipiranga e na Avenida São João. Nem preciso dizer onde estão localizadas estas duas famosíssimas avenidas, cantadas em músicas, versos e prosas, principalmente aos domingos. Eram restaurantes que serviam refeições em  grandes e altos balcões, em forma de um "U"; eram práticos, rápidos, baratos, e lotados. Gostava muito da macarronada (espaguete) com frango, molho de tomate e queijo parmesão ralado; também da sopa, à noite depois do cinema. Outro restaurante do tipo da Salada Paulista era um que ficava na Av. Rio Branco, próximo do Largo do Paissandu, cujo nome não lembro, neste também havia vários tipos de pratos, mas o que eu mais gostava era o “Risoto à Catarina” (homenagem a florentina Regina Cathêrini di Médici): arroz(acho que não era arroz arbóreo, da receita original), peito de frango cozido, desfiado e cortado em pequenos pedaços, moela de frango cortada em quadradinhos, ervilha, ce...

A Prévia

“A Prévia” Era um bar em Manaus que tinha este nome porque reunia mais pessoas às quartas feiras. Como era um dia no meio da semana, diziam os freqüentadores que era uma prévia do fim de semana. Havia comentários que alguns freqüentadores iam lá no bar para discutirem e oporem-se a política de promoções, desligamentos e problemas salariais das empresas sediadas na Zona Franca. Diziam que faziam “panelinhas”. Tendo em vista que os cargos executivos eram ocupados por empregados transferidos, principalmente de São Paulo, conhecidos como “expatriados”. As cervejas servidas naquele bar eram muito boas, tais como as marcas Cerpa(do Pará) e a Cerma(do Maranhão). A Cerpa, em minha opinião, é a melhor; comercializada em meia garrafa como fazem a Heineken, Stella Artois, etc. Haviam também as marcas nacionais, e a melhor delas era a Antártica que dizem que era destilada com a água local. Serviam também os peixes da região: pirarucu, tambaqui, tucunaré, jaraqui, “et cetera”. O jaraqui era o mais...

O Louco

 O Louco Naquele dia de manhã de verão uma mulher olhou para a calçada, atrás da cortina da janela de seu apartamento no primeiro andar de um prédio, e viu um homem, seu conhecido e vizinho, sentado no meio-fio da calçada, falando e gesticulando sozinho, falando ao vento, e alto. Era uma figura presente e conhecida dos moradores daquela rua. (O prédio que a mulher morava, curiosamente, tinha o número final que era a soma dos dois primeiros). Certo dia a mulher estava incomodada e impaciente, desceu e disse: “olha, você é um louco daqueles que jogam pedra na lua; eu quero lhe dizer que eu sou mais louca que você, às vezes fico enfezada sem nenhum medo de você e posso bater-lhe nessa cara suja”. “ Está me entendendo? Disse ela”. Aquele louco, tinha boa memória, conhecia e lembrava de quase todos moradores da rua, em momentos falava dos vizinhos como se estivesse qualificando um personagem. Ele falava como se alguém estivesse à sua frente: “olha fulano, estou lhe falando a ...

Um dedo mindinho de conversa

Há trinta anos a "estradinha" que usamos para acessar a Rodovia Raposo Tavares, quando mudamos para esta região, era esburacada, não havia casas residenciais e os prédios eram de uma padaria, de um supermercado e de uma loja de material de construção. Havia muitos eucaliptos, pinheiros e algumas árvores da Mata Atlântica. De ambos os lados da estradinha víamos cavalos e bois pastando; e era um bom pasto alimentando animais muito bonitos. Não havia iluminação adequada, um poste aqui outro acolá com lâmpadas que não iluminavam direito. Eram glebas, originadas de uma fazenda, que estavam sendo exploradas e vendidas pelos herdeiros. As pinhas se espalhavam pelo chão e na época do Natal as catávamos para enfeitar nossa árvore e fazer arranjos e guirlandas. Ainda restam alguns pinheiros que produzem pinhas, que além dos usos que fazemos no Natal, também ajudam muito na hora de acender a churrasqueira e a lareira(no inverno). (As folhas dos eucaliptos não têm o perfume daqueles que ...

Em algum lugar, com um celular

Em algum lugar, com um celular   Pois a mulher estava olhando a tela do celular, no meio da rua, parada sobre umas faixas zebradas, cercadas por “tartarugas”; aqueles objetos amarelos, com placas refletoras, fixados ao asfalto, sinalizadores de trânsito, que os motoristas reclamam quando passam por cima delas, por causarem desbalanceamento das rodas podendo até fazer avarias nos pneus e também afetar a suspensão dos carros. Ela vestia um roupão, cor-de-rosa-claro, amarrado à cintura por um cinto do mesmo tecido, por cima de uma blusa e da calça comprida, que descia até o meio das panturrilhas; calçava sapatos pretos de salto alto e por vezes girava a perna usando um dos saltos. Ela era alta, loira, cabelos (aparentemente) pintados que desciam até os ombros, bem penteados, porém não dava para ver seu rosto porque ela estava quase de costas para o observador. Ela passava sobre a tela do aparelho o dedo indicador da mão direita enquanto que com a mão esquerda o segurava. E a mulher co...
  Resposta ao meu irmão, um autodidata, importante intelectual, que já leu muito mais do eu e do que muita gente, que agora está lendo “O Capital” de Carl Max. … ........................................................................................................... Tenho uma coleção dos economistas que foi publicada pela Editora Abril há alguns anos. Nessa coleção tem “O Capital” em dois ou três volumes. Nunca li “O Capital”. Li Marshal, Celso Furtado, Adam Smith, etc. Mas Marx nunca li. Já li alguns trabalhos sobre Marx de alguns economistas brasileiros. Veja, é uma posição muito pessoal: eu não acho o Marx atualizado para os dias de hoje. Tenho medo de começar a ler e me desmotivar pelo fato de ele não ser atual. Muitos historiadores são marxistas, analisam a história sobre esse ponto de vista, como o inglês Hobsbawn, porque as universidades ainda carregam essa coisa de analisar a história do ponto de vista marxista. Acho meio saudosista, e o saudosismo não leva a nada...

Férias em Porto Seguro

Férias em Porto Seguro. Os raios solares tentavam perfurar as nuvens insistentemente, como se teimassem com a nossa importante estrela da Via Láctea, porém as nuvens tornavam-se mais densas e escuras. As jovens prontas, vestiam biquínis e outras maiôs de corpo inteiro, agitavam-se impacientes. Afinal estavam em férias, pagaram passagem e hotel com suas economias, com seus exigentes trabalhos. Os jovens tinham uma alternativa para driblar a falta do sol: andar pela cidade, entrar em um restaurante beber e saborear as iguarias da culinária local. Porto Seguro, berço de nascimento do Brasil, oferece alternativas e o mar continuará lá, imponente, para os próximos dias. Porém, as moças foram para aquela bela cidade para oferecer seus corpos ao sol e ter de volta, como prêmio, o corpo bronzeado, de forma que, quando voltassem para os escritórios em São Paulo, vestiriam roupas leves e decotadas para exibirem seus bronzeados. Para elas o sol estaria sempre presente naquela região e nun...

Meninice

Em minha meninice, a despeito de protestos, principalmente de minha mãe, eu aprendi e também meus irmãos e amigos, muita sacanagem e coisas boas com os chamados, naqueles anos cinquenta, de “moleques” de rua. Não eram os conceitos e definições aplicadas hoje em dia, eram meninos e meninas que tinham casas, pais, mas que brincavam na rua. Jogávamos futebol com bolas de meia e conseqüentes ferimentos nos dedos; brincávamos em montes de areia de construções e chegávamos em casa com a cabeça “que era areia só"; de passar o anel e adivinhar com quem ele estava, e aqui as meninas participavam e deixávamos o anel com aquelas que mais gostávamos(com um devido e discreto piscar de olho), tomávamos banho na chuva, inclusive as meninas de vestidos molhados, revelando suas belezas. Fazíamos competições de punhetas, para quem gozava e jogava a gala mais longe. Estávamos na puberdade, as meninas acabavam sabendo dessa competição, e nos olhavam com olhares enviesados, dissimulados, como Capitú ...

Sonho

 Era uma pequena sala, com o jeito de um ambiente escolar; para dar crença a esta narrativa, aparecia uma professora do meu curso primário, do Grupo Escolar Dr. Silva Mariz. (Logo aquela escola que era tão simples e tão bonita, com salas arejadas, cheias de carteiras pretas, com bancos compartilhados, locais para caneta-tinteiro, local para colocar nossos livros, lousa ampla, onde sempre sobrava escrito em giz do dia anterior, ou vestígios de palavras e frases que, com um pouco de esforço, dava para subentendermos e desvendarmos os significados). Ela mostrava em uma estante uns livros muito bem encadernados, com lombadas verde-escuras, trabalho em capas duras. Aparentemente queria encomendar outras encadernações de outros livros. Naquele instante aparece o ex-presidente Obama, sem quê nem pra quê. Ele olha e pega um dos livros, elogia a encadernação e diz que que é "um trabalho artístico, bonito e caro". E foi só isto, um sonho onde sempre cabe o impossível e onde tudo é poss...

Elaine

  Um dia, não muito distante de hoje, você  disse: “vamos nos encontrar e almoçar juntos, em algum lugar na Paulista, como já fizéramos antes” e eu disse: vamos. Ela disse “porque você é o meu tutor, você é o cara.” Eu havia ajudado-a, a defendê-la para ocupar uma posição no departamento financeiro de uma grande empresa. E ela fez sucesso pelo seu trabalho, sua competência, sua inteligência; não havia nada de mais apenas coloquei sua cabeça numa bandeja, como pediu Salomé. Sabe quando você aposta em uma pessoa? Quando você vê e diz esta é a pessoa certa. Foi o que aconteceu. Ela era a pessoa certa: humana, competente, mãe, e mais tarde avó apaixonada. Eu via na foto a   cara do neto olhando pra ela, apaixonado; porque era fácil se apaixonar pela Elaine. Sinto um vazio imenso em mim, por sua falta, sinto-me perdido no espaço; como um astronauta que estava preso por um fio a nave e por fim desprende-se e perde-se no vazio do espaço.

Dia do chocolate

  Hoje é dia do chocolate! Lembrei-me de uma moça, depois senhora, sobrenome holandês, que casara com o Country Manager da empresa, de sobrenome americano. Os holandeses têm sobrenomes que são precedidos por preposições(perdão pelo pleonasmo): van der Escher, por exemplo; também têm: de, van. Nós temos os José da Silva, os Antonio dos Santos, eles têm van der Miller, van Vlit, etc. E a senhora que me refiro fora morar nos Estados Unidos, com o marido. Sabendo de alguém que ia viajar do Brasil para a unidade americana, ela ligava para pessoa e dizia: TRAGA-ME SONHO DE VALSA, caso contrário sua promoção ou seu aumento de salário vai pro saco! Comigo acontecera de trazer um vestido de noiva de Miami, para a futura esposa de um diretor. A secretária do vice presidente da empresa comprara o vestido numa rua "São Caetano" de Miami, colocou-o numa caixa e eu trouxe, junto com meus alfarrábios. Fui convidado para o casamento, bebi espumante(não pode falar champanhe, se não os france...

O fusca de meu pai.

O fusca de meu pai Meu pai teve dois Jeeps: um 1953; outro, 1962. Eu gostava do Jeep 1953. Era muito bonito, lembrava os filmes de guerra(lembro de uma foto do General McArthur sentado em um desses Jeeps, fumando um cachimbo de piteira longa); naquela época falava-se muito na guerra, terminada em 1945, no entanto, os efeitos dela ainda permaneciam; a fumaça ainda não tinha sido totalmente dissipada. Meu pai aprendera a dirigir na estrada, quando tinha o Jeep 1962; antes, no Jeep 1953, tinha um motorista que não trabalhava em tempo integral, só quando meu pai precisava ir à alguma cidade ou para comprar bois de corte, o pagava para conduzir o veículo. Fui morar em Recife e meu pai nessa época comprara um fusca que, neste momento, não lembro o ano. Ele gostava demais do carro e dirigia na estrada, que é muito movimentada, com grandes caminhões, etc. A estrada que me refiro vai de João Pessoa (Município de Cabedelo) até a Transamazônica, é a BR-230. Toda vez que eu ia visit...