Um dedo mindinho de conversa
Há trinta anos a "estradinha" que usamos para acessar a Rodovia Raposo Tavares, quando mudamos para esta região, era esburacada, não havia casas residenciais e os prédios eram de uma padaria, de um supermercado e de uma loja de material de construção. Havia muitos eucaliptos, pinheiros e algumas árvores da Mata Atlântica. De ambos os lados da estradinha víamos cavalos e bois pastando; e era um bom pasto alimentando animais muito bonitos. Não havia iluminação adequada, um poste aqui outro acolá com lâmpadas que não iluminavam direito. Eram glebas, originadas de uma fazenda, que estavam sendo exploradas e vendidas pelos herdeiros. As pinhas se espalhavam pelo chão e na época do Natal as catávamos para enfeitar nossa árvore e fazer arranjos e guirlandas. Ainda restam alguns pinheiros que produzem pinhas, que além dos usos que fazemos no Natal, também ajudam muito na hora de acender a churrasqueira e a lareira(no inverno).
(As folhas dos eucaliptos não têm o perfume daqueles que há no Nordeste, que sob suas sombras fazíamos piqueniques da escola; particularmente nos de São Gonçalo - PB).
Já há alguns anos, a estradinha está toda asfaltada, embora fácil de transitar, tem lombadas para frenar os condutores de veículos mais ousados, porque só obedecem as Leis devido a esses horrorosos obstáculos.
Construíram muitos prédios comerciais ao longo da estradinha, com restaurantes, supermercados, pizzarias, churrascaria, etc. Em um dos lados ainda vemos vacas, bois e cavalos pastando; e o por do sol devido a altura do local é de tirar o fôlego.
Como hoje é uma tarde de domingo de maio, temperatura agradável, típica do outono, fui a um posto de combustível de bandeira da Petrobras, onde há uma loja de conveniência, que serve um bom café expresso, mas a loja estava fechada. O pessoal do mencionado posto faz café, coloca em uma garrafa térmica e deixa à disposição dos clientes, na verdade é um bom café, mas é adoçado. Há muito tempo tenho o hábito de beber café amargo, pois não sou muito dado ao açúcar. Eu poderia até ter feito um café em casa, mas a vontade de sair e ver as ruas pulsando, as pessoas e curtir a estação do outono, moveram-me facilmente.
Naquele posto de combustível conheço os empregados e os donos, devido ao tempo que abasteço o carro lá, que muitas vezes tomamos café juntos e "jogamos conversa fora". Não sou um grande cliente deles porque meu carro é simples, não requer muitos gastos e rodo pouco, no entanto, sou um cliente fiel.
Na volta para casa havia um jogo de voleibol numa das quadras, o trânsito congestionou. Um "Food Truck" estava estacionado servindo hambúrguer, hot dog, e assim por diante. Muita gente. Normalmente a comida servida nos Food Trucks é boa, principalmente na região da Avenida Paulista.
(Nos Estados Unidos, é comum os Food trucks estacionarem perto dos prédios de escritórios. É o hábito deles comprarem sanduíches e comerem nas próprias mesas onde trabalham, na realidade comem enquanto trabalham. O expediente lá é das 9 às 17:00h(a Dolly Parton canta "9 to five"), e eles seguem regularmente. Não há a história de ficar mais tempo trabalhando, para agradar o chefe; embora, quando necessário o empregado leve seu laptop para casa e conclua os trabalhos que por ventura tenha que concluir. Não há hora extra, nem férias de trinta dias, nem décimo terceiro salário, nem plano de saúde, nem plano oficial de aposentadoria, e nem FGTS! As férias são de em média de uma semana, não remuneradas. Mas existe um plano de metas que o empregado deve atender e, em contrapartida, receber recompensas pecuniárias proporcionais, ao atingimento das metas.
Aí alguém pode perguntar: por que os latino-americanos fazem tanta questão de trabalhar ou viver nos Estados Unidos? Porque lá o salário é bom, o que é prometido é cumprido, que o Estado não vive se metendo na vida dos cidadãos, que a liberdade é um bem maior, que a democracia nunca sai da pauta. Já tiveram problemas de racismo sério, sim. Afinal, nem a Dinamarca é perfeita !
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