As meninas moças

As meninas moças

Elas vinham dos sítios vizinhos para a feira de Marizópolis aos Domingos. Saiam cedo de casa, com seus pais. Na entrada da vila trocavam as sandálias de couro por sapatos de saltos baixos e vinham ajustando o andar sobre o terreno irregular. Eram meninas moças, ainda adolescentes, mas fisicamente com corpo de mulher pronta.

Iam para o Mercado, ficavam no portão de entrada ou encostadas nas colunas que ainda hoje sustentam o velho telhado de telhas estilo romano; olhando o movimento e flertando com os rapazes. Eram belas meninas, pintadas nos rostos e nas bocas de batom geralmente vermelho. Olhares inocentes, tímidos, mas certeiros. Vestiam-se de vestidos coloridos, estampados, bordados à mão, com barras abaixo dos joelhos e amarrados às cinturas finas(cinturas de pilão, como dizia a canção, naqueles tempos) com uma fita larga e um laço generoso atrás.

Entre essas meninas, muitas eram minhas primas que vinham dos Sítios Carnaúba, Belo Horizonte, Riachão, Pau D'Arco, etc Hoje as vejo, muitas delas pelas redes sociais, espalhadas pelo Brasil, com filhos e netos.

Embora fossem minhas primas, quando eu as via, o coração batia mais depressa. É que temos a tradição, nos dois lados da família, de nos casarmos com primos. O costume pode ter origem nos cristão novos, que eram os judeus obrigados a abdicar do judaísmo e adotar a religião católica. Mas eles escondiam no coração sua religião preferida e para não terem problemas de aceitação e conservarem os costumes casavam-se com parentes.

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