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Halloween

Halloween Já começo a ver nos jardins das casas aqui no condomínio, teias de aranha, enfeites alaranjados, cor de abóbora, caveiras, etc. Repete-se o que fazem nas escolas, agora com menos intensidade devido aos famigerados controles da pandemia. Dia 31 de outubro comemora-se o Halloween e a criançada gosta, e sai às casas, batem palmas, acionam campainhas, pedindo doce: “doce ou travessura”(trick ou treck em Inglês). É um costume que não é nosso, nem dos Estados Unidos, é da Irlanda que já comemora a data há mais de dois mil anos, portanto uma cultura do povo Celta. Todos anos eu associo mentalmente o Halloween ao vídeo do Michael Jackson, quando ele é seguido por vários mortos que saem descabelados, maltrapilhos, com olhos esbugalhados, capengando, dançando divinamente, das sepulturas. Por aqui, nas terras tupiniquins, tentaram colocar o Saci Pererê no lugar, na mesma data, porém o Saci não tem nenhum charme para chamar àtenção das crianças, uma figura de uma perna só, fumand...

Impressões sobre a pandemia

Impressões sobre a pandemia Cada um tem a sua pandemia e a forma como a encara, os medos, as incertezas que ela traz, e ainda são muitos os medos e incertezas, decorridos quase dois anos. Embrulhado em volume difícil de abrir, escondido como se escondem drogas para driblar a polícia nos aeroportos, o vírus encomendado ou aparecido naturalmente(?), é como se fora a praga de gafanhotos no Egito, como relata Plínio(o Velho) e a Bíblia. Matou muita gente de fome.   O que mais me tolheu, me estorvou, foi a falta de liberdade para fazer as coisas: de visitar e receber em casa filhos e netos, passear, viajar, de poder rever ou entrar no mar; de procurar médicos para curar meus poucos males. Estou falando de mim como se fosse egoisticamente um incômodo só meu. O incômodo se replica em cada um de nós com efeitos diferentes; pior para os que tiveram a doença e foram obrigados a se entalar com a mangueira na garganta. Os que morreram estão nas estatísticas, engordadas por falhas.   Mas a...

Serra de Santa Catarina

Há uns seis meses eu conversei pelo Facebook com Danilo Venâncio, marido de Ruth Lins Vale, bisneta de tia Mundica, esta última, como quase todos sabem, irmã de minha mãe. Ele postou uma foto da Serra de Santa Catarina, tendo como ponto de observação a cidade de Nazarèzinho/PB, em um momento em que as árvores estavam com bastante flores, que formavam um espetáculo à parte. Essa serra vem lá dos lados Ceará e serpenteia pelo sertão até chegar na Serra da Borborema, e deve nesse percorrer ter outros nomes. Lá da Carnaúba onde meu avô tinha uma fazenda acostumei-me a contemplá-la, que se apresentava para nós na cor azul, devido a distância; naquela região onde nascemos e moramos por algum tempo, antes de nos mudarmos para Marizópolis. [Certa vez foram lá na Carnaúba Antonio Ferreira (açougueiro), Raimundo e Tita esses dois eram meninos mais velhos e maiores do que eu, filhos do citado Antonio(Toinho). Eles foram olhar um boi que meu pai estava vendendo para abate. Aí eu contei uma grande...

Atônito

  Atônito Hoje o dia amanheceu nublado por aqui, e até uma chuvinha sem vontade veio.   Incrível como as estações mudam o comportamento dos pássaros, ou os pássaros mudam conforme as estações? No quintal temos uma casinha de passarinhos com novos inquilinos, devem ser filhos dos moradores do ano passado. Alí os gatos não os alcançam e eles cuidam dos filhotes tranqüilamente. Dá a impressão que eles falam para os filhotes que na Primavera do ano seguinte já tem essa casinha pra eles, e assim eles tocam a vida. Quase não se fala no volume de água nos reservatórios, só quando a coisa complica aí todos canais de TV apavoram todo mundo. Vejo alguns comportamentos de pessoas que usam água sem se preocuparem com nada, como se tivéssemos agua pra vida toda, que estamos num período que não chove. É costume, faz parte da cultura paulista, lavar as calçadas, carros, com mangueira, e aqui no condomínio acontece muito. Toda vez que vou caminhar vejo. Aí você comenta num desses grupos de mo...

Deixe pra amanhã que nós fazemos....

"Deixe pra amanhã que nós fazemos...."   Anísio era um ex-colega, chefe de um departamento de produção, disse o Abílio. Às sextas feiras após o expediente, íamos juntos com outros colegas, beber cerveja em um barzinho próximo a fábrica, onde havia música ao vivo e as meninas iam dançar. Depois de umas cervejas e conversas ele gostava de contar histórias e manipulava, preenchia quase todo tempo, não dando muita chance para nós outros. Uma dessas histórias era o que ele chamava de uma desculpa da mulher: “deixe pra amanhã que nós fazemos....”   -Você sabe que isso não vai acontecer, é como a promessa do mau pagador: amanhã eu lhe pago; no entanto, você fica um pouco emburrado, sai sem tomar o café da manhã, veste-se e vai trabalhar. Fica o dia todo com o sentimento de vazio, de que está faltando alguma coisa, e está. Você passa pela portaria e ver a Anita(nada a ver com a cantora) com aquele “derrière”, que lhe joga mais pra baixo ainda, porque aquilo ali parece ...

Caso espirre: saúde!

Caso espirre: saúde! Tive um professor de “Introdução a Ciência do Direito” que também lecionava “Direito Civil” para nós, do qual não lembro do nome(vou procurar no material que me restou, pois estou me reportando aos anos setenta); recordo que era muito competente e carismático, dava aula aos Sábados. Ele era meio bonachão, no bom sentido; alto e obeso de bigode fino, tipo dos usados por malandro carioca. Vestia terno e gravata mesmo aos Sábados. Ele pegava um livro do professor Amauri Mascaro Nascimento, e passeava pra lá e pra cá com o livro aberto, como fazem os bons pastores, segurando a Bíblia. Na realidade ele olhava para o livro porém não lia uma linha sequer, ao contrário dos pastores; era só um ponto de apoio, um espécie de amuleto. Enquanto falava, caso algum aluno espirrasse, e muitos espirravam, viu? Um atrás do outro, porque éramos muitos lotando aquele anfiteatro. No meio do discurso, pois ele era dado à tribuna, dizia “saúde” para quem espirrasse, e continuava a dis...

Nissei falante

Nissei falante Parte I Nissei, ortopedista, 86 anos, delicada nos gestos e no falar, magra, olhos miúdos e puxados, e o peso nas costas por descender de uma cultura milenar; talvez por isso o corpo tenha arqueado como uma casca de melancia. Fala com segurança, mostrando muita sabedoria. Ela disse, depois de levantar-se para me atender à porta: “entre e sente-se” e deu meia volta ao redor da mesa para sentar-se. Pegou minha ficha já previamente preenchida, com meus dados básicos, pela assistente, olhou e confirmou alguns dados. Aí ela olhou pra mim e perguntou: “o que o senhor tem?” Eu disse: “estou com problema no nervo ciático.” Ela disse: “sei o que é isto, porque ele também me perturba.” Pegou o estetoscópio e mediu minha pressão. “Está um pouco alta”, disse ela, “mas para sua idade, não tem tanto problema.” “Toma remédio pra pressão?” Eu disse que sim. “Qual?” Tirei do bolso parte da caixa do remédio, que sempre carrego no bolso e mostrei-lhe. Ela disse:”toma mais algum...