Caso espirre: saúde!


Caso espirre: saúde!

Tive um professor de “Introdução a Ciência do Direito” que também lecionava “Direito Civil” para nós, do qual não lembro do nome(vou procurar no material que me restou, pois estou me reportando aos anos setenta); recordo que era muito competente e carismático, dava aula aos Sábados. Ele era meio bonachão, no bom sentido; alto e obeso de bigode fino, tipo dos usados por malandro carioca. Vestia terno e gravata mesmo aos Sábados. Ele pegava um livro do professor Amauri Mascaro Nascimento, e passeava pra lá e pra cá com o livro aberto, como fazem os bons pastores, segurando a Bíblia. Na realidade ele olhava para o livro porém não lia uma linha sequer, ao contrário dos pastores; era só um ponto de apoio, um espécie de amuleto. Enquanto falava, caso algum aluno espirrasse, e muitos espirravam, viu? Um atrás do outro, porque éramos muitos lotando aquele anfiteatro. No meio do discurso, pois ele era dado à tribuna, dizia “saúde” para quem espirrasse, e continuava a discorrer a matéria sem perder o rumo nem o ritmo.

Os professores que tinham maior apoio, mais respeitados pelos alunos, a direção da faculdade os escalavam para os Sábados a partir das nove horas.
O professor de Matemática Financeira, Edmundo Eboli Bonini, era outro que dava aula aos Sábados, no entanto nós não reclamávamos.

Naquela época os professores resistiam a consultas aos livros nas provas, a não ser os códigos: Civil, Tributário, Trabalhista, etc. Esses dois professores permitiam ampla e irrestrita consultas: anotações em caderno, tudo. Pediam o cuidado de citar as referências, os créditos, os nomes aos bois.
Davam as provas e iam tomar café na cantina. As questões eram conceituais, dissertativas, para nós citarmos fundamentos legais, e no caso de matemática financeira eram questões baseadas em contratos de financiamentos, na maioria das vezes. Quer dizer, eles poderiam até ir almoçar em casa, quanto mais tomar café na cantina!

 

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