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Nissei falante

Nissei falante Parte I Nissei, ortopedista, 86 anos, delicada nos gestos e no falar, magra, olhos miúdos e puxados, e o peso nas costas por descender de uma cultura milenar; talvez por isso o corpo tenha arqueado como uma casca de melancia. Fala com segurança, mostrando muita sabedoria. Ela disse, depois de levantar-se para me atender à porta: “entre e sente-se” e deu meia volta ao redor da mesa para sentar-se. Pegou minha ficha já previamente preenchida, com meus dados básicos, pela assistente, olhou e confirmou alguns dados. Aí ela olhou pra mim e perguntou: “o que o senhor tem?” Eu disse: “estou com problema no nervo ciático.” Ela disse: “sei o que é isto, porque ele também me perturba.” Pegou o estetoscópio e mediu minha pressão. “Está um pouco alta”, disse ela, “mas para sua idade, não tem tanto problema.” “Toma remédio pra pressão?” Eu disse que sim. “Qual?” Tirei do bolso parte da caixa do remédio, que sempre carrego no bolso e mostrei-lhe. Ela disse:”toma mais algum...

Por que às vezes eu acredito no sobrenatural

Por que às vezes eu acredito no sobrenatural Todos os dias, há muitos anos tomo dois remédios, um prescrito pelo cardiologista logo depois do café da manhã; outro, à noite quando vou dormir, receitado pelo urologista. Ontem à noite peguei uma das caixas, tirei o comprimido da embalagem e ele caiu e rolou pelo chão, procurei e não o encontrei mais. Já que não achei, parti para retirar outro comprimido da mesma embalagem. Nesse momento vi que a caixa era do comprimido que tomo de manhã, aí recoloquei o comprimido de volta(desculpe o pleonasmo) na caixa e peguei a embalagem do outro remédio, da pílula que realmente deveria tomar. Fiquei pensando: alguma coisa tomou-me a frente e não me deixou tomar aquele comprimido. Por isto acho que devemos prestar atenção aos sinais; pra mim aquilo foi um sinal. Alguém pode dizer que foi uma coincidência, que não existe essas coisas de sobrenaturais, foi apenas um erro meu, uma leseira minha. O pensamento é livre, inclusive o meu !  

Meia gota

“Meia gota.” Eu estava numa fila para fazer check-in no aeroporto de Guarulhos, era mais ou menos nove da noite de um Domingo. Era um voo que ia até o aeroporto do Texas, o Forth Worth, nos Estados Unidos e de lá faria uma conexão para São Francisco. Enquanto estava na fila verifiquei que havia uma atriz brasileira ilustre, muito famosa; famosa também pela arrogância. Era Beatriz Segall, a Odete Roitman da novela “Vale Tudo”. Olhei pra ela, ela olhou pra mim, sabia que eu estava reconhecendo-a e eu fiquei feliz e agradecido por ela ter olhado pra mim. Como as pessoas famosas exercem fascínio ou o antônimo sobre nós, não é? Pensei que ia vê-la sentada, na primeira classe ou na classe executiva, mas não; poderia ela estar na classe econômica, a classe que eu tinha uma poltrona reservada? Não sei, não a vi mais. Mas aí quando a gente ver um artista que gosta fica com aquilo na cabeça. Nesse processo lembrei-me de uma vez que ela era uma importante personagem em uma novela que não lembro-m...

Rodrigo Lins

Rodrigo Lins Hoje amanheci pensando em uma pessoa que nunca a vi mais gorda, apesar de gorda nas fotos. Quando o convidei para ser meu amigo no Facebook, ele me perguntou: “quem é o senhor?” Eu respondi: “sou seu primo, e fiz uma pergunta em cima da inquirição dele: “você não é neto de Miguelzinho e filho de Zeca?” Ele me respondeu “sim”, mostrando-se interessado. Como se dissesse: ah, ele conhece mesmo minha família! Eu ainda argumentara que conhecia a Patrícia, irmã dele, quando ela brincava com as meninas de Gerisval e creio que também brincava com os filhos de minha irmã Gilvaneide. Na época que fiz esse primeiro contato com Rodrigo ele morava em Ribeirão Pires (uma cidade fria e úmida, situada em cima da Serra do Mar, na Grande São Paulo), com o tio dele, Messias Lins, filho de Miguelzinho. Bom, de certa forma segui a trajetória de Rodrigo que se reinventara várias vezes e mudava de moradias constantemente, digo isto porque ele, depois de Ribeirão Pires, voltou pra Marizópolis e d...

Baile nos anos 60

Baile nos anos 60. Uma história quase verdadeira, de tanto ouvir, de tanto contar, e de algumas invenções ficou assim. Local: numa cidadezinha interiorana qualquer. Personagens principais: Oswaldo, filho bastardo do prefeito. Raquel: ex-miss do Município. A Raquel era uma moça muito bonita e arrogante, não queria dançar com o rapaz que a olhava com os olhos pidões. Ela estava sentada à uma mesa com o pai, a mãe e um irmão pequeno. Todos bebendo cerveja com guaraná, só o garoto bebia crush. Toda vez que o Oswaldo a olhava, ela desviava o olhar. Não era timidez, ela estava evitando ser convidada pra dançar com ele, pois não curtia nenhuma simpatia por ele. Mas Oswaldo cismou que tinha que dançar com a Raquel, era insistente e usava da influência do pai político, para humilhar as pessoas. Foi até a mesa e falou , com um sorriso cínico esticando os lábios num canto só da boca. Oswaldo: vamos dançar? Raquel: olhou para a mãe e para o pai como se lhes pedisse permissão para ace...

Mãe

Por causa da caçada ao bandido, serial killer, em Goiás, fiquei pensando na figura da mãe, no papel, no poder e na defesa que ela faz aos filhos. Para mãe não há filho feio. Minha mãe, e de meus quatro irmãos, achava a coruja o bicho mais feio do planeta. Aí uma mãe, em conversa com ela, dizia “meu filho é bonito”; depois da conversa mãe dizia “a coruja também acha bonito os filhos dela”. Pode ser o pior bandido a mãe o defende. A relação da mãe com filho desde o início da vida, é simbiótica. E gesta um filho por nove meses e cuida do filho a vida toda. (Ultimamente tem aparecido na imprensa sensacionalista, mães que mataram filhos ou jogaram-nos no lixo, mas isto não é mãe, é outra coisa). É perda de tempo a imprensa procurar uma mãe para informar onde seu filho bandido estaria escondido. Para mãe não existe filho bandido. A mãe é tão importante que até para tirar documentos, tais como passaporte, identidade, prova de vida, etc, ela é nome obrigatório. Não é a toa que na determina...

Cintia Chagas

Tenho visto uns vídeos da professora Cintia Chagas, ensinando Português. Ela dá muito boas dicas. A Marcela Tavares também, só que a Marcela é mais humorista, coloca duas laranjas em cada lado do "sutien" e diz: gente, pelo amor de Deus não existe “eu mim apaixonei, pelo amor de Deus; fale eu “me” apaixonei. Cintia Chagas além de professora é autora de livros de Português, tem muito boa postura e também é daquele tipo de professora que o aluno se apaixona.  A internet, como vocês sabem, está cheia de coisas boas e ruins; temos que ter discernimento para separar, o joio do trigo,  ter uma visão crítica. Mas muita gente engole o que escrevem, da forma que vem aí se engasga, se entala. Português é uma matéria muito importante, é nossa língua, vamos tratá-la bem. A professora Cintia diz que para conseguir emprego, namorar, prestar exames, precisa-se de bom Português.   Eu sempre dou exemplo de um ex-vizinho que é advogado e daqueles que gostam de aparecer e se auto elogiar(eu...