Meia gota

“Meia gota.”
Eu estava numa fila para fazer check-in no aeroporto de Guarulhos, era mais ou menos nove da noite de um Domingo. Era um voo que ia até o aeroporto do Texas, o Forth Worth, nos Estados Unidos e de lá faria uma conexão para São Francisco.
Enquanto estava na fila verifiquei que havia uma atriz brasileira ilustre, muito famosa; famosa também pela arrogância. Era Beatriz Segall, a Odete Roitman da novela “Vale Tudo”. Olhei pra ela, ela olhou pra mim, sabia que eu estava reconhecendo-a e eu fiquei feliz e agradecido por ela ter olhado pra mim. Como as pessoas famosas exercem fascínio ou o antônimo sobre nós, não é?
Pensei que ia vê-la sentada, na primeira classe ou na classe executiva, mas não; poderia ela estar na classe econômica, a classe que eu tinha uma poltrona reservada? Não sei, não a vi mais. Mas aí quando a gente ver um artista que gosta fica com aquilo na cabeça. Nesse processo lembrei-me de uma vez que ela era uma importante personagem em uma novela que não lembro-me qual foi, pode até ter sido Vale Tudo.
O empregado dela está servindo café, põe café na xícara e pergunta: “quantas gotas de adoçante a senhora quer?” Aí ela respondeu: “três gotas e meia !” O empregado não sabia o que fazer com tanta humilhação, havia convidados dela na sala.
Ela ficou olhando pra ele esperando, como se dissesse: vamos, vire-se, você tem que dividir uma gota em duas.
Difícil ver uma atriz fazer um papel de vilã, de arrogante, com tanto talento e tanta segurança.

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