Simplicidade

Talvez estejamos, pelo menos neste ano, a propósito da Pandemia, com o sentimento que nos remete as origens, a simplicidade de um presépio. É, penso. E não faz muito tempo que o Natal em nossa família era muito simples como simples é um presépio; limitava-nos a comer um assado, uma ave, criada em nosso quintal, vestir a melhor roupa que podíamos ter e irmos à igreja ouvirmos a missa em Latim. E o cristianismo, fundamentalmente, pede simplicidade. 

(Trabalhei em uma empresa que fazia  propaganda de seus produtos falando em "simplicity". Uma simplicidade de não querer-se reinventar a roda. Tudo que era feito passava por crivos de funcionamento e de praticidade. Uma instrução, uma diretriz, tinha que ser entendida por todos, desde o empregado mais simples na escala hierárquica até o mais graduado).

A igreja católica não ministra mais a missa em Latim. Eu, particularmente, acho que foi uma perda, porque, embora poucos entendessem, era bonita, remetia-nos as origens do cristianismo, aos alicerces da igreja de São Pedro. 

 "In nómine Patris, et Fílii, et Spíritus Sancti." 

Assim o padre iniciava o rito. Parece até que estou ouvindo o padre João Cartaxo Rolim, e um ex-colega do Ginásio, o Farias, imitando a voz e os gestos do religioso.

Quando cheguei ao primeiro ano do Ginásio as aulas de Latim e de música já não constavam do curriculum. Foi uma simplificação burra. A base das línguas ocidentais é o Latim, por conseguinte, quem sabe Latim domina bem nosso idioma,  e quem executa ou compõe música usa matemática, para construir as escalas, as partituras. 

Quero dizer que às vezes a simplificação nem sempre resulta em benefício, principalmente quando, não a boa política, mas quando a politicagem se mete. Não obstante, devemos perseguir a simplicidade, sempre.


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