Dormi com uma barata morta


Dormi com uma barata morta

Uma coisa que não suporto no verão é conviver com insetos, apesar de serem inevitáveis nessa estação do ano. Particularmente não gosto das baratas, aranhas e pernilongos (muriçocas). Dos três o pior é a barata, principalmente quando você a ver, vai buscar uma vassoura, um inseticida, e, quando você retorna ela sumiu; e você ia dormir. Tem que revirar tudo até encontrar a "mardita" e, mais importante, dar cabo dela. Além de tudo de ruim a barata é dotada de asas e as usa! E voa quase sempre em direção a sua testa!
Outro dia estava vendo TV, com a porta da sala que dá para o quintal, aberta; para me refrescar do calor. Quando eu olho, vejo uma barata que vem rapidamente em minha direção, ela não tinha me visto, quando me viu deu meia volta e saiu na maior disparada. Fui buscar o inseticida, não a encontrei de imediato, olhando para o chão; de repente olhei de lado e ela estava na parede, dei uma xiringada de veneno nas costa dela, ela caiu da parede rodando e entrou embaixo do sofá, puxei o sofá e ela saiu correndo, pisei em cima dela e fez estouro de chiclete: “ploc.” A essa altura perdi o que estava vendo na TV.

Sempre que vejo uma barata lembro de Gregor Samsa, caixeiro-viajante, personagem de “A Metamorfose” de Frans Kafka. Ao despertar ele vira-se transformado em um grande inseto, que para mim era uma grande barata. Mas a história é muito boa, vale à pena ler.

Aqui em casa temos uns habitantes importantes que são predadores desses insetos: as lagartixas. Dos insetos que elas comem nada fica, com exceção da barata; elas gostam de comer a cabeça e parte dianteira do corpo, é o filé mignon delas.

Outro dia vimos em cima da moldura de um quadro, duas pernas e a parte traseira de uma barata, quando retiramos, a barata estava pela metade; a lagartixa tinha feito uma substanciosa refeição.

Aqui tinha um gato chamado Mufasa, que às vezes inventava de trazer uma barata atravessada na boca para nos mostrar, aí meus filhos gritavam: “Mufasa, solte a barata!” Mas ele não entendia, achava que estava nos agradando.

Certa vez trabalhei em um escritório localizado em uma antiga casa. Havia uma faxineira chamada Maria das Dores, que dizia não ter medo de barata, pelo menos até aquele dia. Apareceu uma barata e ela disse: “pode deixar que eu mato”, e saiu correndo atrás do inseto. Ela sempre usava calças compridas, mas naquele dia estava de saia rodada. Na peleja, encurralada em um canto da sala, a barata voou e subiu pelas pernas dela e Maria das Dores correu gritando e pulando até se ver livre do bicho. Depois de tudo disse que a barata tinha as pernas espinhentas, raspavam como lixa.
Maria das Dores chamava atenção por sua forma física; tinha em torno de um metro e sessenta, menos de trinta anos, morena, de sorriso delicado e fácil; parecia ter sido aviada, com todas as medidas, como se fosse a encomenda de uma boneca.

Há muitas histórias de barata porque trata-se de um ser pré-histórico, muito resistente; dizem que ela resistiria até os efeitos de uma bomba nuclear.
Mas hoje de manhã acordei e vi uma barata de pernas pro ar; dormi com uma barata morta!

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