Dona G..
Dona
G.
Dona
G., era uma mulher muito bonita: morena clara, olhos pretos e
redondos como jabuticaba; cintura bem definida, braços roliços,
sempre à mostra, parte por causa do calor, parte por gostar de
exibi-los, por vaidade; corpo bem feito, nem era gorda nem magra, era
o corpo mais comum da época, porque estávamos no início da década
de sessenta. E o tempo forja o estilo, a moda, a arte, a vida. Ela
devia estar na casa dos trinta, e já tinha uma filha de três anos.
O marido, seu M., era um pouco mais velho, devia ter uns quarenta.
Ele gostava de sair de casa à noite para jogar sueca com os amigos,
principalmente aos sábados e domingos. Ela ficava sozinha a
esperá-lo até tarde; só ia dormir quando ele chegava, ele quase
sempre com cheiro de cigarro e de álcool. Ela pensava em fazer algo
diferente, quando ele chegasse, contudo, ele caia na cama com todo
corpo que beirava a obesidade, de roupa e tudo.
Havia
um adolescente de nome A., de quatorze anos que morava na casa,
parente do marido de G., que viera para cidade, de um sítio, para
estudar. Este, fazia lições à mesa da sala. Ela passara para a
cozinha para fazer café ou alguma coisa, depois que a filha dormira.
Ela estava esperando o marido e já vestia camisola, uma camisola
quase transparente, de tal forma que dava para esse adolescente ver
algumas partes do corpo dela e imaginar o resto.
Às
vezes ele pensava que ela estaria lhe dando algum sinal, por isto ele
sentia um tremor no corpo, e alguma sensação próxima do medo. Ela
passava olhando para ele, mas era um olhar rápido, com aqueles olhos
redondos, todavia, abaixava a cabeça rapidamente. Isto era comum
acontecer, ela tinha esse comportamento toda vez que M. estava
ausente. Quando ele estava presente, na hora das refeições, ela
tratava A. com certa indiferença, talvez para não mostrar nenhum
sentimento mais profundo em relação a ele. Tudo isto se passava na
cabeça de A.. Por outro lado ele comia cabisbaixo, rápido e não
fixava o olhar em nenhum dos dois e conversava o indispensável. Após
terminar as refeições, pedia licença, se levantava e ia para sala,
enquanto casal continuava a comer e conversar. Algumas vezes M.
chamava àtenção de A. devido a rapidez com que ele comia, que
fazia mal para saúde, etc Mas ele saia o mais rápido que podia
evitando olhar para G., que não seria um olhar normal, tampouco um
olhar enviesado. Ela algumas vezes o pegava olhando para o corpo
dela, mas mantinha-se como se não tivesse acontecendo nada, porém,
enchia-se de prazer. A. tinha quatorze anos mas era desenvolvido
fisicamente, alto, olhos claros, ombros largos e era bonito. Embora
adolescente, não desconhecia o corpo feminino, por dentro e por
fora, posto que quando saia com os amigos, costumava pagar mulheres
por momentos de prazer, com as sobras das mesadas que seu pai lhe
dava. Era tão fácil como ver filmes proibidos para sua idade.
Aproveitava de seu porte físico para se beneficiar, quando não lhe
exigiam apresentação de documento.
Certo
dia ela passou para cozinha, de camisola, da mesma forma como de
costume, e na volta parou em frente a mesa onde A. estava a fazer
lições. Ela perguntou se ele ainda tinha muitas lições para
fazer. Ele respondeu gaguejando, e ela riu por isto. Ele disse que
teria prova na manhã seguinte, mas já havia estudado bastante. Ela
disse: às vezes não sabemos se estamos bem preparados para uma
prova. É bom fazer muitos exercícios. E saíra para o quarto. Ele
se sentiu muito mau, mas com alguma esperança. Desta vez ela parara
para conversar com ele, com aquela roupa íntima, sensual; sentira o
cheiro de seu corpo limpo. Nesta noite M. Chegou mais cedo e este
fato fez A. pensar nos riscos que enfrentaria caso tivesse tentado
alguma coisa mais ousada; ficou tomado pelo medo.
No
dia seguinte A. fora fazer a prova, mas não conseguira se concentrar
convenientemente, embora tenha respondido todas questões. Pensara o
que G. quisera dizer com: “é bom fazer muitos exercícios” ou
“às vezes não sabemos se estamos bem preparados para uma prova”.
Achara que havia dúbio sentido naquilo, ato continuo, ela já
entrara no quarto, como se estivesse lhe indicando o caminho. Ela
perguntara se ele “ainda” tinha muitas lições para fazer, como
se quisesse dizer: você vai demorar muito? Essas questões e dúvidas
ficaram martelando sua cabeça, no intervalo das aulas e no caminho
de volta para a casa.
Na
semana seguinte M. avisou a G. que iria chegar mais tarde, pois além
do jogo de cartas, era aniversário de um dos jogadores e haveria
pequena comemoração.
A.
não estava estudando, saíra com uns amigos. Quando retornou bateu
na porta da frente e G. a abriu. Pouco antes ela estivera sentada no
sofá, ouvindo música pelo rádio. Ele perguntou por M., ela disse
que ele ia chegar mais tarde. Ele ficou em pé olhando para ela, ela
não desviou o olhar dele. Ela não estava de camisola mas usando um
vestido de saia rodada, uma perna sobre a outra, com decote que
mostrava discretamente seus seios, não estava mais sentada, estava
quase deitada. Acontecera ali mesmo o que tinha de acontecer, apesar
de muito nervosismo dos dois.
Quando
M. Chegou a casa, G. já estava dormindo; nesta noite M. não só
perdera no jogo de cartas.
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