"Não, um só Deus Ajuda."

 

Não, um só Deus Ajuda.”

Era madrugada quando seu irmão Armindo passara descalço, agachado, desviando-se, por baixo dos punhos das redes de outros irmãos que cruzavam a sala, os quais dormiam profundamente. Só um de seus irmãos, estava acordado e o vira passar na escuridão; desconfiara do que Armando fora fazer, porém, mantivera-se em silêncio. Armindo dirigira-se a cama de uma visitante que costumava passar alguns dias em sua casa na fazenda. Uma mulher de idade em torno de cinqüenta anos, casada e com filhos.

Certamente Armindo combinara com a visitante para aguardar sua visita naquela noite, e quem sabe não houveram outras? De súbito Armindo bateu no punho da rede do irmão e disse: “vai, agora é sua vez.” Afonso ficara surpreso, adolescente, nunca fora agraciado com tamanha aventura; a não ser algumas improvisações, encostando mulheres da vida aos muros de prédios públicos da cidade ou na areia da praia. Seguiu a sugestão do irmão, levantou-se de sua rede e fora também com muito cuidado para não acordar ninguém. A mulher já estava tentado retornar ao sono. Afonso puxou delicadamente o lençol que a cobria. A mulher, surpresa, perguntara o que ele estava fazendo ali. Ele disse que também queria o que seu irmão tivera. Ela respondeu: “não, um só Deus ajuda.” Afonso não insistiu, qualquer insistência podia quebrar o silêncio sepulcral. Frustrado, não conseguira mais dormir o resto da noite. Aparentemente a mulher pensara em engravidar e elegera o Armindo para ser o pai. Por quê motivo, então, respondera: “não, um só Deus Ajuda”?

Afonso não tinha ideia que muitas vezes enfrentaria mais recusas ao longo da vida, em momentos que mais desejava uma mulher, veria suas vontades e desejos serem adiados para o dia seguinte, e o dia seguinte, não era seguinte, tardava chegar.

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