Decapito

Decapito

O sujeito decapitou o outro,
Apareceu na praça com a cabeça do morto,
A qual tinha um olho aberto, vidrado, olhando pro infinito;
E o outro, fechado, de pálpebras penteadas.
O jornalista apressado, protetor, reportou: “um suspeito carregando a cabeça de um morto, embaixo do braço e o sangue escorre pelas pernas”;
A faca levantada, como uma espada, o sangue coagulava.
Um suspeito! Um crime pronto e feito,
Mas foi um suspeito!
O sujeito disse: “quero ir pra cadeia,
Lá tenho café, almoço e ceia.” 
Mas como prender um suspeito, com todas evidências e todos seus direitos?
O sujeito implora pra ser preso,
Mas não pode, ele é suspeito. Em frente ao delegado ele fica mudo,
Entrega a cabeça, porque esta já diz tudo;
Como Salomé o fez com a de João Batista.
De bandeja.

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