“O Ser Humano é Inviável”

O Ser Humano é Inviável”

Aqui matutando, procurando algum assunto para escrever, como um viciado que não consegue parar seu vício, lembrei-me que num apartamento onde morávamos, nos anos noventa, havia um vizinho do apartamento imediatamente acima do nosso, que fazia um barulho danado, a qualquer hora do dia ou da noite.
A coisa que mais detesto fazer é reclamar de vizinho ou de alguém, porque acho que as pessoas deviam ter a capacidade, a decência, e o discernimento de respeitar as outras. Mas o mundo não é assim tão bonito; isto seria o ideal. Como dizia Millôr Fernandes, “o ser humano é inviável”.
Saí de casa e fui falar com o vizinho e me queixar pisando em ovos, para não criar mais problema ainda. Tive como resposta que o barulho que estivera ouvindo, até mais de meia noite, não saia do apartamento dele. Foi uma resposta “na lata” e hipócrita, sem que sua face enrubescesse. O barulho continuou e com mais intensidade, com efeito, de propósito. Decidi falar com o síndico e o mesmo propôs-me fazermos uma reunião nós três. Fizemos. O vizinho melhorou um pouco nas duas ou três semanas seguintes, mas depois teve uma recaída. O síndico foi outra vez por mim avisado e disse-me que iria enviar uma multa ao infrator. Não deu para saber se o síndico enviara a multa ao vizinho. Como o caso não foi resolvido, passaria a ser um caso de polícia; mas aí seria um inferno de vida.
Compráramos um terreno há algum tempo, como investimento e possivelmente, no futuro, construir.
Apressamos a alternativa de construir. Como não se constrói uma casa da noite para o dia, demoramos em torno de dois anos para fazer o essencial. Mudamos. Dormimos a primeira noite profundamente, como se nunca tivéssemos dormido na vida !
Só depois de muito tempo apareceu um vizinho que gosta de fazer festas até tarde da noite. Aprendeu duas posições num cavaquinho e “toca” sambas de mau gosto, com microfone, acompanhado pelo filho que “toca” bongôs. Os bongôs, descompassados, vão para um lado, enquanto que o cavaquinho vai para o outro. E ainda pousam de músicos ! Oh my God !


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