tag:blogger.com,1999:blog-44976047057696163992024-03-21T14:57:28.368-03:00MywrittingsAntonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.comBlogger152125truetag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-88877394847135126382023-11-24T16:25:00.000-03:002023-11-24T16:25:25.350-03:00Só-lia-com-a-Idade<p>
</p><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Só-lia-com-a-Idade</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela
fazia as refeições com os donos da casa, dos quais era amiga de
longa data, conversava sobre sua família, ria de coisas toscas,
mostrando sua obturação de ouro em um dos dentes superiores.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Inteligente,
nunca estudara em escola formal, tudo que sabia era soletrar algumas
palavras e escrever poucas; aprendendo com os outros, aos devagar,
numa vida experiente, observada e de certa forma bem vivida.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Após
as refeições ela recolhia os pratos, talheres e punha todos sobre a
pia da cozinha. Antes de começar a lavar erguia as mãos ao ceu e
agradecia a Deus por ter se alimentado mais um dia, terminava se
benzendo.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diziam-na
louca, porém a convivência de alguns dias com ela, em muitas
oportunidades, tinha-se a nítida impressão que ela era lúcida.
Diziam que ela não mais gostava de marido, do qual tivera quatro
filhos. Como perdera o interesse sexual pelo marido, procurava
relacionamentos rápidos e comportava-se como desajustada, falando
coisas desconexas; tudo para disfarsar seus desvios de conduta.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda
conservava belos traços, que foram mais acentuados quando jovem. De
tez morena clara, cabelos pretos, sempre bem penteados. Tinha em
torno de cinqüenta anos, de olhar demorado, sensual, que cativava os
mais displicentes dos homens.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> </p>
<p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-90169123640821375982023-11-13T08:41:00.007-03:002023-11-24T16:13:33.370-03:00Aracati & Outros/as<p>
</p><p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif">Aracati
& Outros/as</span></p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">A
falta de energia elétrica, nos sítios de meus avós nem era falta(só
tem-se falta daquilo que já teve-se e não tem-se mais). Havia
lampiões, lamparinas, velas; e pernilongos para matar, até em torno
de nove horas da noite.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">Estes
eram espantados pela fumaça da <u>bosta</u> seca do gado bovino<span style="text-decoration: none;">;</span>
era recolhida dos currais e das pastagens, colocada ao sol para secar e
quando seca guardada. Colocava-se pedaços em latas de goiabada
vazias, acendia-se e pronto, a fumaça subia, com cheiro de capim
seco queimado.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">Nesse
horário entrava(e ainda entra) o “Vento Aracati”, refrescante,
que vem das praias do Ceará. Por causa desse vento abençoado os
pernilongos davam uma trégua. A serpentina, comprada nas mercearias,
era usada dentro de casa.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">Já
dentro de casa, meu avô abria a Bíblia sobre uma grande mesa de
madeira, que ele próprio fizera, as folhas do livro sagrado já
estavam amareladas, algumas páginas dobradas que mostravam quanto
esse livro havia sido usado. Lia para nós algumas partes, que nos
dava medo, devido a exaltação do meu avô com gestos medidos e
copiados dos pastores, nos cultos que freqüentava aos domingos na
Igreja Batista. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">Fora
de casa o breu, o coaxar dos sapos, o cocoricó das galinhas e os
diálogos dos patos, os perus cantavam como se estivessem rindo e das
quietas galinhas d'Angola. No curral a pouca distância o gado bovino
ruminava e as corujas buraqueiras piavam. Dava para ouvir o vento
açoitar os galhos da arapiraca e as folhas caíam forrando o chão.
No céu, muitas estrelas. Uma sinfonia, cada um ou uma com sua função
para executar e formar um todo; era o resumo de uma mínima parte do Universo. </span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">Às
vezes ouvíamos alvoroço no poleiro, de alguma galinha que tardara a
subir e a raposa, que estava a espreita, a pegava, em seguida o
silêncio, o silêncio da morte.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">O
banheiro, se é que podemos chamar uma latrina de banheiro, que
ficava fora da casa, nós, crianças, só íamos nos aliviar alí
acompanhados de nossas tias segurando o candeeiro.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">(Curiosamente,
vendo os programas de construção, reforma e venda de casas no
Alaska, vi que muitas casas onde havia banheiros externos, sob o frio
intenso, neve e a visita de ursos famintos); é como se não dessem
nenhum valor ao conforto e a higiene, porém os excrementos deviam ficar longe. O material e a mão de obra para fazer coisa melhor era cara e rara.<br /></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-size: small;">Isto
tudo não faz tanto tempo assim, nem um século.</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-6857673772810349182023-09-09T18:53:00.000-03:002023-09-09T18:53:36.860-03:00A viagem<span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">A
viagem</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Aquele
dia de fevereiro de 196x começou a mudar a vida de GL. Partiu de sua
cidadezinha nos confins da Paraíba, na beirada do Ceará, com os
olhos marejados, ainda menor de idade, considerando 194x o ano que
nascera, em meados do mês de Áries, data que veio ao mundo, em
direção a São Paulo. Não queria olhar para trás; atrás de si
estavam seu pai, sua mãe e seus irmãos com os corações partidos.
À medida que enfrentava a estrada as lembranças iam ficando mais
velhas, sem embargo não esquecidas; e o futuro ia chegando aos
poucos e virando definitivamente passado. A viagem fora feita na
boleia desconfortável de um caminhão carregado de mercadorias,
veículo cujo proprietário fora amigo da família de GL.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">São
Paulo era o sonho de destino de quem queria trabalhar, estudar para
ganhar a vida. A maioria dos migrantes iam trabalhar em serviços
pesados, de baixa remuneração. Apesar disso a Capital de São Paulo
era o Eldorado no imaginário popular. “São Paulo tem muito ouro,
corre prata pelo chão”, bradava Luiz Gonzaga. Mudar para o Sul,
como dizíamos, era como mudar para outro país, neste sentido São
Paulo guardava nítida diferença das outras cidades brasileiras, a
começar pelo clima frio, a garoa fina, os sotaques europeus,
principalmente italiano, a pressa ao andar nas ruas, o crescimento
econômico que a levaria a condição de metrópole, cosmopolita,
plural, e a maior cidade da América Latina. O que pesava na
distinção de São Paulo das outras cidades brasileiras, eram suas
indústrias, comércios, serviços. O migrante levaria um tempo para
absorver a cultura local; muitos não absorviam, moravam em
verdadeiros guetos de nordestinos nas periferias, levando uma vida
como se estivessem ainda no Nordeste, no vestir, no comportamento simples, no comer, nos forrós, no despreparo para o trabalho, que a
maioria se referia a região de origem como sendo “Norte”. Poucos
se referiam a região como Nordeste, nordestino, eram nortistas: “sou
do Norte” diziam. O poeta pernambucano Marcus Accioly, um dos
representantes do movimento armorial, capitaneado por Ariano
Suassuna, deu o título de “Nordestinados”, a um de seus livros
de poesia. Suponho que quis dizer: destinados a ser nordestinos, como
se fosse uma sina, uma condição que permeava, impregnava a alma,
uma tatuagem, uma nódoa.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Para
acompanhar tudo isto e crescer, GL tinha em mente que só teria
sucesso se muito trabalhasse, estudasse e não ficasse em locais onde
concentravam seus conterrâneos, porque aí continuaria (sem querer
usar uma expressão pejorativa) “na mesma vidinha”. Análogo,
quando vai-se morar no exterior e continua-se a falar a língua
pátria, sem nenhum interesse em se integrar e absorver a cultura do
país que emigrou. Tinha que partir para viver como os paulistanos,
misturar-se com eles, mudar a coloração, como um camaleão que altera
sua pigmentação para guardar sua segurança, com a vantagem de
falar a mesma língua.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Meses
mais tarde, em uma aula, GL deixaria escapar uma exclamação, como
quando peida-se com a bunda contraída, para não fazer barulho:
“ôxente”! Disse ele. Uma exclamação da mesma ordem, do mesmo
significado de “uai”, dos mineiros; de “ué”, dos paulistas e
cariocas. Toda classe o olhou, com olhar de desprezo; um colega foi
além e disse: “ê baiano”. Ainda mais tarde em uma aula na
faculdade, num sábado de manhã, comentavam sobre problemas do
Nordeste. Uma colega, goiana, que sentava na primeira fileira,
virou-se para trás e disse: “aqui tem nordestinos, mas alguns
escondem sua origem, com vergonha”. Não era bem vergonha, era medo de enfrentar o que hoje chamam de "bulling".<br /></span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Um
professor de Geografia Econômica, dizia coisas incríveis, como se
comentasse sobre a região, com o conhecimento de quem tinha ouvido
falar, e repetia, como muitos, por terem lido “Vidas Secas” de
Graciliano Ramos, achando que esse conhecimento literário da região
lhes bastassem. Citado mestre dizia que a farinha de mandioca era um
alimento muito pobre em nutrientes, devido a isto a região tinha
subnutridos, e assim por diante. Os que eram subnutridos não tinham nem farinha, idiota.<br /></span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">GL
saíra com Cr$ 40,00 desembolsados por seu pai na hora da despedida,
seguido por muitas recomendações; era pouco, mau daria para pagar
os pratos feitos, os “sortidos” nos botecos ao longo da estrada e
chegar ao destino de sucesso almejado, todavia incerto. Era uma
aposta, um risco, uma reinvenção de GL, que algumas vezes se
reinventara, tinha juventude, saúde e coragem a seu favor. Por que
não mais uma vez? Tinha que deixar sua pele numa forquilha, em um toco, como fazem as cobras, para vestir uma nova roupa e assim ir em frente para ganhar a vida.<br /></span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Depois
de algumas horas é que o motorista e GL tiveram uma conversa mais
direta, antes eram apenas: “tudo bem?” “Você quer água?”
“Abra ou feche um pouquinho o vidro da janela”. Mesmo porque o
motorista percebera que GL estava com um nó na garganta. “Vamos
parar um pouquinho e tomar um café, disse o motorista, cansado”.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">O
motorista olhou para GL, depois de um gole de café, deteve-se um
instante, e perguntou “por que mudar para São Paulo?” “Por que
não para o Rio ou para Brasília?” GL disse que tivera muita
informação de amigos e de jornais e revistas sobre a cidade, as
oportunidades de trabalho e de poder estudar. Para ele não era
fácil, o mais distante que tinha ido fora para Recife, onde morou um
ano. O motorista exclamou “ah, você já está acostumado com
cidade grande”! GL disse que sim, entretanto São Paulo era
diferente, há muitos estrangeiros, principalmente italianos, embora
tratassem os nordestinos de qualquer Estado de “baianos”; no Rio de
“paraíbas”; em Brasília de “candangos”. O motorista
concordou, abriu a porta esquerda do caminhão, sentou-se segurando a
direção; e GL sentou-se e fechou a porta da direita.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Atravessavam
cidades grandes e pequenas, e pegavam a estrada de novo, um caminho
infindável, “parece um cordão sem ponta, pelo chão desenrolado”
cantaria Sidney Miller em um festival. Paravam em lugares para comer
e GL escolhia o prato mais em conta, contando de vez em quando quanto
dinheiro ainda dispunha, estimando o resto da viagem. Tinha que ter
dinheiro do táxi porque o caminhão ia só até o bairro do Braz; o
resto era por conta de GL e sua malinha magra: um terno, calças,
camisas, cuecas e alguns livros; eram seus únicos bens materiais.
Tinha todos documentos e registros das empresas onde trabalhara na
carteira de trabalho. Um chefe do departamento pessoal de uma empresa
duvidara, quando GL disse: “tenho todos os documentos”. “Os
nordestinos nunca têm documentos” retrucou o chefe de pessoal. E
ele tinha razão, mais tarde GL ficaria sabendo que os migrantes
recebiam uma lista de documentos para providenciar.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Em
algumas pequenas cidades, nos bares e restaurantes, muitas garçonetes
faziam serviços duplos, de servirem os fregueses também na cama. As
doenças migravam junto com os caminhoneiros, como insetos
polinizadores, ao longo da Rio-Bahia. Mais tarde, com o surgimento da
AIDS, essas doenças seriam quase românticas. </span></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">O
motorista parou antes de Guarulhos, em um local de muitos eucaliptos
altos e de troncos grossos, porém sem o cheiro dos eucaliptos do
Nordeste; sentaram-se na grama para descansar. O coração de GL
batia apressado, o frio na barriga se espalhava como metástase.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">A
viagem durou em torno de cinco dias, findando no Braz para o
motorista; no topo da Avenida Angélica, em Higienópolis, para GL.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Como
disse, repetidamente, Kurt Vonnegut em "Matadouro-Cinco": “É assim
mesmo.”</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p class="western"><span style="font-family: verdana;"><br /><br /></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-43136430905943264362023-05-15T20:06:00.003-03:002023-05-29T18:22:04.800-03:00Sonho<div><div dir="auto"><div class="x1iorvi4 x1pi30zi x1swvt13 xjkvuk6" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id=":r4lp:"><div class="x78zum5 xdt5ytf xz62fqu x16ldp7u"><div class="xu06os2 x1ok221b"><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto"><div class="xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Era uma pequena sala, com o jeito de um ambiente escolar; para dar crença a esta narrativa, aparecia uma professora do meu curso primário, do Grupo Escolar Dr. Silva Mariz.</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">(Logo aquela escola que era tão simples e tão bonita, com salas arejadas, cheias de carteiras pretas, com bancos compartilhados, locais para canetas-tinteiros, local para colocar nossos livros, lousa ampla, onde sempre sobrava escrito em giz turma do dia anterior, ou vestígios de palavras e frases que, com um pouco de esforço, dava para subentendermos e desvendarmos os significados).</div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Ela mostrava em uma estante uns livros muito bem encadernados, com lombadas verde-escuras, trabalho em capas duras. Aparentemente queria encomendar outras encadernações de outros livros. Naquele instante aparece o ex-presidente Obama, sem quê nem pra quê. Ele olha e pega um dos livros, elogia a encadernação, a lombada e diz que que é "um trabalho artístico, bonito e caro".</div><div dir="auto" style="text-align: start;">E foi só isto, um sonho onde sempre cabe o impossível e onde tudo é possível e provável de caber.</div></div></span></div></div></div></div></div><p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-58187108329239642122023-02-28T15:53:00.003-03:002023-05-29T18:28:11.145-03:00Frank<div style="text-align: left;"><div><div class="x1iorvi4 x1pi30zi x1swvt13 xjkvuk6" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_d7"><div class="x78zum5 xdt5ytf xz62fqu x16ldp7u"><div class="xu06os2 x1ok221b"><h1><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto"><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xdj266r x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><span style="font-weight: normal;">“Frank”</span></span></div></div><div class="x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs xtlvy1s x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><span style="font-weight: normal;">Oito horas da noite, estava vendo alguns assuntos na internet, quando faltou energia elétrica. Tive que desligar o computador para economizar a bateria. Decidi ir ao portão do jardim para apreciar o breu daquela noite. Uma vez ou outra passava um carro de faróis altos cuja claridade iluminava quase toda rua. Olhei para cima e vi muitas estrelas. Lembrei-me de minha avó quando dizia: “não aponte para as estrelas!” pode criar verruga na ponta dos dedos... E eu não </span><span style="font-weight: normal;">entendia aquilo. “Verruga nos dedos!”, que horror! Dormia pensando nas estrelas e checando os dedos.</span></span></div><div dir="auto" style="text-align: start;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><span style="font-weight: normal;">Dois olhos redondos e amarelos apareceram, fixos, como se estivessem soltos no ar ou pintados em um quadro. Não dava para ver o corpo da criatura, só os olhos. Mas eu já desconfiava quem era. Só podia ser o gato preto do vizinho, preto que nem a noite escura. O nome dele é “Frank”, a princípio era Frankstein mesmo, mas simplificaram, afinal é um gato que apronta algumas, por repreender-lhe a toda hora precisava ter um nome curto. Há uma razão para ter-lhes dado o nome do monstro: ele fora atropelado pela filha do vizinho e ela o levou ao veterinário para consertar, emendar alguns ossos. Não tinham quase esperança de um bom resultado, porém ele por ser forte e parece que tinha muita vontade de viver, recuperou-se e virou um ser buliçoso, traquino. Parece que toda manhã ele apronta alguma. Escuto a dona da casa expulsá-lo de manhã cedo: “sai daqui...sai,sai...” </span></span></div><div dir="auto" style="text-align: start;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><span style="font-weight: normal;">Agora, qualquer gato estranho que apareça na casa, ele parte pra cima, fazendo-o correr, sem dar chance nenhuma para o invasor.</span></span></div><div dir="auto" style="text-align: start;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><span style="font-weight: normal;">O Frank me motivou a comprar o livro da Mary Shelley, “Frankstein”. A introdução que ela escreveu na edição de 1831 é primorosa. É um clássico de alto valor literário. Vou continuar a ler com cuidado, sem pressa de terminar como se saboreasse um bom prato, uma iguaria.</span></span></div></div></span></h1></div></div></div></div></div><h1 style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana; font-size: x-small;"><span style="font-weight: normal;"> </span></span></h1>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-32392667076202873092022-11-26T09:32:00.006-03:002023-07-21T10:01:42.818-03:00Gritos de prazer<p style="text-align: justify;"><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u" dir="auto" lang="pt">Vi
um filme, talvez um sonho ou mesmo um conto erótico, que um casal
estava em uma festa bebendo, dançando e se beijando. Nessa excitação
toda decidiu fazer amor no amplo jardim da casa. O cara falava para a
mulher, devido a experiências anteriores, enquanto
procuravam a melhor moita: "por favor não grite, controle-se." Tiraram
as roupas um do outro e foram jogando de qualquer jeito na grama.
Beijaram-se muito, esfregaram-se outros tantos, usaram todas as mãos, dedos e
línguas. A princípio ela só gemeu, uns gemidos das amantes japonesas,
misto de gemido e de choro, mas aí ela foi aumentando o volume dos gemidos, como fazem
os gatos, à medida que se aproximava do clímax, até
transformar em gritos, e as pessoas, ouvindo os berros de prazer, foram para as
janelas, depois saíram da casa e fizeram um círculo em torno dos corpos
nus, sonolentos, com os sexos sujos de gala, jogaram champagne, vinho, vodka,
sobre os sexos deles........ e bateram palmas.</span> <br /></p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-68190068186194833952022-10-13T18:13:00.000-03:002022-10-13T18:13:39.083-03:00Acontece só comigo?<p> </p><div><div class="" dir="auto"><div class="x1iorvi4 x1pi30zi x1swvt13 xjkvuk6" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_1qe"><div class="x78zum5 xdt5ytf xz62fqu x16ldp7u"><div class="xu06os2 x1ok221b"><span class="x193iq5w xeuugli x13faqbe x1vvkbs x1xmvt09 x1lliihq x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x xudqn12 x3x7a5m x6prxxf xvq8zen xo1l8bm xzsf02u x1yc453h" dir="auto"><div class="xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x1vvkbs x126k92a"><div dir="auto" style="text-align: start;">Acontece só comigo?</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Entrei em uma óptica que sou cliente há muito tempo. A lente de meu óculos “de longe” estava riscada, devido a uma queda que sofri, limpando o jardim a qual causou um corte em meu supercílio.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Um japonês foi quem me atendeu e eu perguntei se podia substituir a lente e eu esperar pelo conserto. Ele disse que sim, era rápido. Em quarenta minutos o serviço estava pronto.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">O japonês que é dono da loja não estava lá desta vez. O mesmo que certo dia, quando pedi para fazer uma limpeza e substituição de umas pecinhas(aquelas pecinhas móveis que ficam sobre o nariz) nos óculos me perguntou se eu comprara os óculos na loja, eu disse que não; ele falou para o empregado “então não faça o serviço, para ele aprender e comprar óculos sempre aqui”. Bom, eu disse pra ele que não estava pedindo favor, pagaria pelos serviços. Aí ele concordou e cobrou as peças; ok, sem problemas. O tipo de comerciante que não enxerga um palmo a frente do nariz.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Eu dizia que hoje o japonês dono não estava lá na loja, devia ter saído para almoçar. Tudo certo, fui ao caixa pagar os trinta reais conforme combinado. No balcão há um vidro com balas de café, eu pensei: ôba vou pegar duas balinhas, embora não tenha o hábito de comer doce. “Posso moça?” Perguntei. Ela disse “claro”. Eu já estava saindo da loja. Aí a moça do caixa disse:”moço(que gentileza, obrigado por me tratar de moço; pois minha idade é três anos a mais que a do Rei Charles III!), o senhor está levando a tampa do vidro de balas”. Olhei para minhas mãos e sorri pedindo desculpas. Eu perguntei a ela se já ocorrera isto com outra pessoa. Ela respondeu: “não, nunca!” Então só aconteceu comigo? Insisti. Ela disse: “sim, só com o senhor!”</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Cotia, 20-09-2022</div></div></span></div></div></div></div></div>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-71469774306766577892022-10-10T18:10:00.003-03:002023-05-15T21:16:10.495-03:00O sujeito
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif">O
Sujeito</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif">A
maior parte das crônica e contos que escrevo há parte delas
verdadeiras e outras tantas invenções minhas; não de mentiras
porque este é um termo meio pesado para justificar meus escritos,
mas de criação. O descrito abaixo é de uma história a mim
contada, portanto, acontecida. A vítima é "o sujeito."</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<div dir="LTR" id="Seção1">
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif">O
sujeito tem a garagem de sua casa com portão e as guias da rua
rebaixadas. Veio uma senhora para visitar o vizinho e estacionou seu
carro exatamente em frente a sua garagem, impedindo-o de sair. O
sujeito, furioso, não ia sair naquele momento, porém qualquer
imprevisto poderia acontecer e seria impossível caso ele precisasse
sair com o carro dele. Bom, o sujeito abriu o portão, manobrou o
carro de ré e parou rente a porta do carro da visitante e
aguardou-a voltar. Com pouco tempo ela voltou. Viu um carro
encostado ao carro dela, olhou o sujeito, dono do carro que estava
em pé, esperando-a. Aí ela pediu mil desculpas e ele não
respondeu nada, nem olhou pra ela. Ela ligou o carro e foi embora. O
sujeito soube mais tarde, que a senhora não era visitante, era a
nora do proprietário da casa onde ela entrara. Mas esse “status”
de nora do vizinho não lhe dar o direito de praticar esse ilícito.
O vizinho é advogado, e tudo ele diz é que vai processar; qualquer
coisa. Talvez a nora sinta-se incluída nesse direito de o sogro
defendê-la; quem sabe, não é? Hoje em dia o que não falta é
gente toda cheia de razão e de direitos. Uma empregada cuidadora de idosos,
da mesma casa vizinha, tem um carro e estaciona diariamente com uma
parte da frente tomando, digamos, uns cinquenta centímetros do
espaço da garagem. Certo dia o sujeito disse: “a senhora poderia
estacionar um pouco para traz? Ela perguntou se o carro dela estava impedindo-o
de sair. Ora, pensou o sujeito, dar para sair, mas eu tenho que manobrar meu carro desviando do carro dela, espremido? </span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif">Mas
hoje em dia tudo anda assim, dar a sensação que ninguém quer mais
obedecer a nada; não só no Brasil, também em quase todo o mundo.
O sujeito vê o noticiário internacional nas emissoras CNN, Fox,
BBC (porque as emissoras locais para ele são difíceis de ver,
estão cheias de reportagens de crimes e de mágoas; jornalistas
falando Português errado e fazendo ativismo político), mesmo assim
noto que não é só aqui que essas coisas ruins acontecem, em
países de tradição democrática também mudaram para pior. Em
países de regimes duros, anti-democráticos, que penalizam ladrões,
assassinos, com variados sistemas de penas, também castigam gente
honesta contrárias ao regime; restringem a liberdade política dos
cidadãos fazendo-os e induzindo-os a pensar conforme eles pensam.
Lá, não há “livre pensar, é só pensar”, como dizia Millôr
Fernandes.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span face="Verdana, sans-serif">Quem
faz as coisas certas paga a conta financeiramente, através dos
impostos, ver-se sem direitos, só com obrigações, causando uma
sensação desagradável de desamparo e de insegurança.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">“<span face="Verdana, sans-serif">C'est
la vie, mon amis”</span></p>
</div>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-33522386487953387732022-08-28T22:01:00.002-03:002023-05-15T21:17:09.542-03:00Maximiliano<div><div dir="auto"><div class="d2hqwtrz r227ecj6 gt60zsk1 o9wcebwi" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_917"><div class="alzwoclg cqf1kptm siwo0mpr gu5uzgus"><div class="jroqu855 nthtkgg5"><span class="gvxzyvdx aeinzg81 t7p7dqev gh25dzvf exr7barw b6ax4al1 gem102v4 ncib64c9 mrvwc6qr sx8pxkcf f597kf1v cpcgwwas m2nijcs8 hxfwr5lz k1z55t6l oog5qr5w tes86rjd pbevjfx6 ztn2w49o" dir="auto"><div class="m8h3af8h l7ghb35v kjdc1dyq kmwttqpk gh25dzvf n3t5jt4f"><div dir="auto" style="text-align: start;">Maximiliano estacionou seu carro em frente a uma loja de roupas. Observava uma mulher enquanto bebia uma lata de cerveja gelada, comprada minutos depois de estacionar, em um supermercado. Aparentemente a mulher esperava o marido pois falava ao celular, gesticulava, como se dissesse: “estou lhe esperando aqui no estacionamento, não demore” e deve ter dado mais detalhes, pelos gestos mostrados e o tempo que falava; às vezes ria, às vezes franzia o cenho. A mulher foi melhor observada por ele, em detalhes, quando ele entrara no supermercado. Era alta, morena e bonita, muito feminina, “qualidade que aos poucos torna-se rara hoje em dia”, balbuciou baixinho entre os dentes alternando um gole e outro da cerveja. Ela perecia ter tido filhos porque seus quadris eram um pouco mais largos, o que para o Maximiliano era um "bonus", gostava de mulheres maduras. Ainda dentro do supermercado viu que ela o olhou discretamente por cima do ombro direito, enquanto lia o rótulo de um produto. Ele se encheu de orgulho, estava carente por não fazer muito tempo da separação de uma mulher que ele dormira e acordara com ela, com o cheiro dela, por muitos anos. Era uma falta enorme. Pensava se a ex estava sentindo a mesma sensação vazia que ele. Lera alguns depoimentos na Internet que a separação era um alívio para algumas mulheres. Seria mesmo? Pensou.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Para ele não. Ele acha que os homens sofrem mais.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">O celular tocou e ele atendeu, era um amigo convidando-o para jogar truco; ele respondeu que sim. Olhou para lugar onde a mulher estava e não a viu mais. Desceu do carro e olhou os quatro cantos do estacionamento e não a viu definitivamente; talvez o acaso faça reencontrá-la um dia, mas é utópico pensar assim, pode ser que nunca mais a veja. Lembrou-se do velho de “Morte em Veneza”, não sabe muito bem o porquê; mas há um certo sentido, pensou.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Decidiu ir embora, engatou a marcha a ré e saiu devagarinho, mas teve que parar e desligar o motor. Passava uma fila de carros com faros acesos, e cruzes nos para brisas. Era um acompanhamento fúnebre, sem a música do réquiem, encomendada ao Mozart. Mostrando silenciosamente como tudo acaba; se acaba num processo burocrático que resiste aos tempos, que enriquece cartórios e funerárias. Maximiliano pensou: “porque querem mudar tudo e não mudam isso?” </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Sua irmã diz que não quer saber de velório quando morrer; quer ser trancada numa sala para cumprir o tempo legal, e depois têm que jogá-la e cobri-la com terra, só, somente.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Por fim passou, passou o desfile ainda sem o coro celestial dos deuses.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Maximiliano pensou: “será que a alma desse defunto está vagando, andando neste estacionamento? Tudo vem a cabeça porque o pensamento é livre e voa, como voam os pássaros.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Maximiliano foi jogar truco com os amigos. Uma das únicas coisas que dependiam da exclusiva vontade dele, e de mais ninguém.</div></div></span></div></div></div></div></div><span aria-label="See who reacted to this" class="g4tp4svg" role="toolbar"><span class="i85zmo3j alzwoclg lcfup58g" id="jsc_c_91a"><span class="rwcj441r l81i4mgl b0f3p4px bshgfmwz bfr0abcb bl7c5lgs mqfnz3g2 fo6lbr4k s9ok87oh s9ljgwtm lxqftegz bf1zulr9 gvytbark hh61tlkm ntrxh2kl jjmr0tki rkk71h3c rng1terr om3e55n1 otncrh77 j7qd3pol"><span class="ecpixwza mhjnt7z4 rvfj1fl6 f7gifjwl aglvbi8b rkk71h3c otncrh77"><span class="f7rl1if4 adechonz f6oz4yja dahkl6ri axrg9lpx rufpak1n qtovjlwq qbmienfq rfyhaz4c rdmi1yqr ohrdq8us nswx41af fawcizw8 l1aqi3e3 sdu1flz4"></span></span></span></span></span><p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-62950975939111839722022-08-28T16:41:00.001-03:002023-09-09T09:46:47.293-03:00Lagartixa branca<p> </p><div><div dir="auto"><div class="d2hqwtrz r227ecj6 gt60zsk1 o9wcebwi" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_5wl"><div class="alzwoclg cqf1kptm siwo0mpr gu5uzgus"><div class="jroqu855 nthtkgg5"><span class="gvxzyvdx aeinzg81 t7p7dqev gh25dzvf exr7barw b6ax4al1 gem102v4 ncib64c9 mrvwc6qr sx8pxkcf f597kf1v cpcgwwas m2nijcs8 hxfwr5lz k1z55t6l oog5qr5w tes86rjd pbevjfx6 ztn2w49o" dir="auto"><div class="m8h3af8h l7ghb35v kjdc1dyq kmwttqpk gh25dzvf n3t5jt4f"><div dir="auto" style="text-align: start;">Lagartixa branca</div></div><div class="l7ghb35v kjdc1dyq kmwttqpk gh25dzvf jikcssrz n3t5jt4f"><div dir="auto" style="text-align: start;">Por causa da pandemia, quando saiu de casa, pela primeira vez, J. Quarentena estava branco que parecia uma lagartixa, daquelas que moram atrás do espelho de banheiro, transparente, que dar para ver o intestino cheio de cadáveres de moscas, mosquitos e pernilongos. J. Quarentena abriu a porta, olhou para todos os lados, desconfiado, foi para rua, não havia uma viva alma àquela hora, como um cena desértica na Lua, em Marte ou mesmo em Chernobyl, depois do acidente com a usina nuclear. Mas aí apareceu um casal de idosos(e por que não velhos?), passando em sua frente, distante, com olhos arregalados, como se pedisse para J.Quarentena não se aproximar. "Não ouse em se aproximar "Cabra Velho", eu tenho um revolver, com todos os documentos do porte de armas." Disse o velho, e sua mulher concordando com um gesto repetido da cabeça. J. Quarentena respondeu: “não faça isso, não atire em mim, estou com os olhos vermelhos, mas não é covid-19 nem Covid-20, ou mesmo 25; conforme as numerações ou denominações que laboratórios e governos dão”. É porque estou chorando de alegria de ver o Sol; como o Sol é bonito, não é?! Os velhos nada responderam, se afastaram lentamente, caminhando, olhando para traz....</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Agora, nem quero dormir, pensou J. Quarentena, eu quero é ver a Lua cheia, bem cheia para eu ler um poema para ela, olhar para ela, como se olhasse para um grande amor(e não é?), e sorrir, sorrir muito, como eu sorria vendo o palhaço no circo, e acompanhá-la cruzar o céu azul, o céu azul límpido e frio.....</div></div></span></div></div></div></div></div>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-72439078736834716732022-07-24T15:40:00.007-03:002022-11-22T18:32:44.281-03:00O Rouxinol e a Rosa<p style="text-align: justify;">Eu estou bebendo um vinho. Fui comprar um frango assado na padaria para o almoço. Aqui em São Paulo é dia de frango com macarronada, com queijo parmesão ralado. À noite, um café com pão e mussarela, ou uma pizza. Acho que já estou bêbado, estou sim; não acho, tenho certeza! Uma garrafa e tenho menos de meia taça para acabar. Não bebo sempre, mas hoje é domingo, até o padre bebe aos domingos, um vinho não é uma cerveja, não é um whisky; é a antiguidade que está na garrafa, é um líquido sagrado. Sai da garrafa como na lâmpada de Aladim. Sem a frescura de bocejar, cheirar, fazê-lo rodar na taça ou cheirar a rolha. Você bebe o vinho para pensar. Pensar, refletir, o tempo todo. É que vinho pode ser bebido sem uma companhia; parece que é a bebida dos solitários.</p><p style="text-align: justify;">Pensando de como as coisas mudaram. Os meus avós reclamavam da carestia(inflação) e não entendiam o comportamento da economia e nem dos jovens, suas indecências e eu estava incluso; hoje vejo meus filhos e netos nessa ciranda, tudo diferente de mim e de nós. Eu tenho a impressão que é assim mesmo, acontece a todas gerações.Há muita coisa caindo por terra e outras nascendo como de cimentes jogadas a esmo na terra. É isto, o ser humano criou. Nada disso foi criado por Deus, nenhum deus; simplesmente acontecem como o rotineiro nascer do sol e dos buracos negros. Acredito em Deus, mas tem muitas coisas que debitam na conta Dele, injustamente.<br /></p><p style="text-align: justify;">A idade vai nos dando lições o tempo todo, vai nos deixando mais sábios, porque a sabedoria não precisa de escola para florescer, para se saber, é conseguida através das observações, do tempo e do sofrimento; mais do sofrimento porque só se aprende quando sente-se dor. Como no conto "O Rouxinol e a Rosa" de Oscar Wilde.<br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-85560364212953578822022-07-02T20:53:00.004-03:002023-09-09T09:48:04.376-03:00A propósito das mulheres e dos homens<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: left;"><div><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc dati1w0a e5nlhep0" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_67"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql lr9zc1uh a8c37x1j fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v b1v8xokw oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">A propósito das mulheres e dos homens</div></div><div class="cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql o9v6fnle ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Com quê propósito o homem foi feito tão diferente da mulher? Pois eu acho que a natureza pecou, pecou no sentido de dar mais a um do que ao outro: a mulher é completa, não tem nada a reclamar, segundo meu sentimento de leigo, de não ser psiquiatra, mas de ser meio louco! Já o homem, coitado, faz de tudo para para levantar a ferramenta e esta depende do estado psíquico, da companheira, enfim, das rezas, das mandingas e talvez dos azuzinhos (com todos efeitos colaterais que dar até medo; que merda!). Certo dia li o pensamento de uma grande atriz brasileira, que além de ser muito competente e experiente é muito bonita. Ela disse ter pena dos homens, no sofrimento de ter que erguer a ferramenta, caso contrário nada acontece, pára tudo, decepciona, vira um inferno. Ela não disse tudo isto, eu é que fui mais longe mas, ela disse apenas que “tem pena dos homens, que têm que erguer sua ferramenta”. E a mulher fica esperando, dependente, porque pra ela basta haver consenso(como diz o pessoal do politicamente correto), basta ela querer e pronto. Que diabos! O homem sabe muito o que ela espera, e se apavora; e é pior! Atire a primeira pedra quem diz que não se apavora. Não há psicólogo neste mundo de Deus que dê jeito. Outro dia vi uma entrevista de um cantor muito famoso e apresentador de TV já nos seus 60 e poucos, dizer que a mulher dele toma hormônio para acompanhá-lo. Os amigos o chamam de mentiroso, fizeram bulling, segundo ele próprio disse !</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Nas rodadas de cerveja, às sextas feiras, depois do expediente, no clube da empresa, o Ribamar chegava e saldava: oi gente, tudo bem? Respondíamos tudo bem e com você Ribamar? Ele dizia: tudo bem, todo dia “uma”! Nós respondíamos: deixa de ser mentiroso! Aí ele, por fim, dizia: amigos, estou no fundo do poço, faz tanto tempo que não acontece nada..... Ele dizia ressentido.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Jack Lemon, Walter Mathau e Ann Margret em “Grump Old Men”, acho que foi traduzido no Brasil como “Dois Velhos Rabugentos”. Retrata bem, com humor, o sofrimento humano e do homem, como elemento, na velhice.</div></div></span></div></div></div></div></div><span aria-label="See who reacted to this" class="du4w35lb" role="toolbar"><span class="bp9cbjyn j83agx80 b3onmgus" id="jsc_c_6a"><span class="np69z8it et4y5ytx j7g94pet b74d5cxt qw6c0r16 kb8x4rkr ed597pkb omcyoz59 goun2846 ccm00jje s44p3ltw mk2mc5f4 qxh1up0x qtyiw8t4 tpcyxxvw k0bpgpbk hm271qws rl04r1d5 l9j0dhe7 ov9facns kavbgo14"><span class="t0qjyqq4 jos75b7i j6sty90h kv0toi1t q9uorilb hm271qws ov9facns"><span class="tojvnm2t a6sixzi8 abs2jz4q a8s20v7p t1p8iaqh k5wvi7nf q3lfd5jv pk4s997a bipmatt0 cebpdrjk qowsmv63 owwhemhu dp1hu0rb dhp61c6y iyyx5f41"></span></span></span></span></span><p style="text-align: left;"> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-58815301875152498472022-03-03T18:42:00.003-03:002023-08-04T09:52:26.073-03:00Mal passado<div><div dir="auto"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc dati1w0a e5nlhep0" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_3lu"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql lr9zc1uh a8c37x1j fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v b1v8xokw oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q">O novo passa por cima do velho,<br />Impiedosamente, apaga os rastros, quebra os ossos.<br />Eu vejo,<br />Eu sinto,<br />Não adianta,<br />"É assim mesmo", dizem;<br />Parece um rolo compressor.<br />Meu Deus!<br />Como somos pequenos!<br />Somos vermes que comem,<br />Mas que também somos comidos.<br />Ei, senhor Charles Darwin, alma imortal, o que você tem a dizer,<br />Além do que já foi dito,<br />É assim mesmo?</div></span></div></div></div></div></div><p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-5722491502164718992022-03-03T18:36:00.001-03:002022-03-03T18:36:45.801-03:00Arouche<div><div class="" dir="auto"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc dati1w0a e5nlhep0" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_3i5"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql lr9zc1uh a8c37x1j fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v b1v8xokw oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">Era um sábado que prometia sol, depois de dias a fio de frio; pelo menos é o que noticiava o serviço de meteorologia. Afonso acordou cedo, tomou rapidamente um café e pão com manteiga em pé no balcão da cozinha, saiu e postou-se a frente do elevador no décimo andar. Fora comprar o jornal numa banca de revista no Largo do Arouche, ali perto. De tantas vezes que realizara esse programa, fizera amigos que sentavam nos bancos frios da praça, com o propósito de tomarem um pouco de sol e conversar. Comprou o jornal, dobrou-o e colocou-o em baixo do braço. Voltava para casa e viu um amigo que sentava no banco da praça, era o Anísio.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Oi Anísio, bom dia, tudo bem? Perguntou o Afonso com um sorriso largo.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Como, você não está bem?</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ah é só uma gripe, que em poucos dias desaparecerá, como todas elas.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Bom, mas a tosse finaliza as gripes.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Se ela está insistindo vá ao médico.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ah já foi?</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Está tomando o remédio?</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Sim, não faz efeito tão rápido.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">O Afonso sentou-se na ponta do banco, para evitar contágio.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Nossa, então é a gripe suína? É pior do que eu pensava.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">O Afonso pensara em voltar pra casa deixar o jornal e convidar o Anísio para beber caipirinha, afinal era sábado. Mas diante desse quadro teria que encontrar outra companhia.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Anísio, torço para que você se restabeleça o mais rápido possível.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Sim, temos que ir ao Pacaembu assistir a alguns jogos do Campeonato Paulista, sem dúvida.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Chegando em casa o Afonso ligou para o Vieira, um amigo de longa data.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Oi Vieira, tudo bem? Vamos beber caipirinha?</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Naquele bar perto do “O Gato que Ri”.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ok, às 11 horas, combinado!</div><div dir="auto" style="text-align: start;">A Rosa também quer ir, não quer fazer almoço e quer comer feijoada.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ok, então vou falar pra Bete.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Os quatro foram ao bar, beberam muita caipirinha, cerveja, comeram porções de calabresa acebolada e batatas fritas. </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Foram ao “O Gato que Ri” perto das três da tarde. Em vez de feijoada comeram lasanha e beberam vinho. Após o almoço saíram pelas ruas cantando, músicas de carnaval: “mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe ….....” Todos muito bêbados. Nem imaginavam que no futuro haveria uma maldita pandemia.</div></div></span></div></div></div></div></div><div><div class="stjgntxs ni8dbmo4 l82x9zwi uo3d90p7 h905i5nu monazrh9" data-visualcompletion="ignore-dynamic"><div><div><div><div class="l9j0dhe7"><div class="bp9cbjyn m9osqain j83agx80 jq4qci2q bkfpd7mw a3bd9o3v kvgmc6g5 wkznzc2l oygrvhab dhix69tm jktsbyx5 rz4wbd8a osnr6wyh a8nywdso s1tcr66n"><div class="bp9cbjyn j83agx80 buofh1pr ni8dbmo4 stjgntxs"><span aria-label="See who reacted to this" class="du4w35lb" role="toolbar"><span class="bp9cbjyn j83agx80 b3onmgus" id="jsc_c_3i8"><span class="np69z8it et4y5ytx j7g94pet b74d5cxt qw6c0r16 kb8x4rkr ed597pkb omcyoz59 goun2846 ccm00jje s44p3ltw mk2mc5f4 qxh1up0x qtyiw8t4 tpcyxxvw k0bpgpbk hm271qws rl04r1d5 l9j0dhe7 ov9facns kavbgo14"><span class="t0qjyqq4 jos75b7i j6sty90h kv0toi1t q9uorilb hm271qws ov9facns"><span class="tojvnm2t a6sixzi8 abs2jz4q a8s20v7p t1p8iaqh k5wvi7nf q3lfd5jv pk4s997a bipmatt0 cebpdrjk qowsmv63 owwhemhu dp1hu0rb dhp61c6y iyyx5f41"></span></span></span></span></span></div></div></div></div></div></div></div></div><span aria-label="See who reacted to this" class="du4w35lb" role="toolbar"><span class="bp9cbjyn j83agx80 b3onmgus" id="jsc_c_3i8"><span class="np69z8it et4y5ytx j7g94pet b74d5cxt qw6c0r16 kb8x4rkr ed597pkb omcyoz59 goun2846 ccm00jje s44p3ltw mk2mc5f4 qxh1up0x qtyiw8t4 tpcyxxvw k0bpgpbk hm271qws rl04r1d5 l9j0dhe7 ov9facns tkr6xdv7"><span class="t0qjyqq4 jos75b7i j6sty90h kv0toi1t q9uorilb hm271qws ov9facns"><span class="tojvnm2t a6sixzi8 abs2jz4q a8s20v7p t1p8iaqh k5wvi7nf q3lfd5jv pk4s997a bipmatt0 cebpdrjk qowsmv63 owwhemhu dp1hu0rb dhp61c6y iyyx5f41"></span></span></span></span></span><div class=""><span class="tojvnm2t a6sixzi8 abs2jz4q a8s20v7p t1p8iaqh k5wvi7nf q3lfd5jv pk4s997a bipmatt0 cebpdrjk qowsmv63 owwhemhu dp1hu0rb dhp61c6y iyyx5f41"></span></div><p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-36972771950825924002022-03-03T18:34:00.003-03:002023-08-04T21:08:50.968-03:00Amenidades<div><div dir="auto"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc dati1w0a e5nlhep0" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_3h4"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql lr9zc1uh a8c37x1j fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v b1v8xokw oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">Amenidades</div></div><div class="cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql o9v6fnle ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">Decidi ir na padaria comprar um frango assado, porém eu chegara um pouco cedo, era um Domingo, não um domingo como qualquer outro, de alguns anos atrás, porque havia a pandemia. As carnes, os frangos ainda ardiam nos fornos então eu tive que esperar. No passado eu costumava beber cerveja enquanto aguardava; na realidade, de propósito, até chegava mais cedo para beber uma Heiniken, que o atendente chamava de “Raiquinen”. No balcão haviam duas pessoas bebendo, aparentemente amigas de longa data, pela confiança com que falavam de assuntos íntimos. O suor da cerveja escorria devagar pelas tulipas geladas, e em copos americanos uma dose de “Esteinhaeger” para cada um. Conversavam sobre relacionamentos, mais precisamente sobre o casamento. Um deles, o mais exaltado e inconformado, dizia que o casamento era uma instituição falida, o outro concordava balançando a cabeça, com um sorriso controlado no canto da boca. Eu estava em pé apoiado em um freezer, no entanto prestava, disfarçadamente, atenção a conversa. Um deles, o mais exaltado, o que dissera que o casamento era uma instituição falida, acrescentou que no contrato de casamento dele e da esposa, que no início da relação havia um equilíbrio entre direitos e obrigações, agora, tacitamente, ele só tinha obrigações; a esposa tomou para si todos os direitos. O outro, mais calado, falava depois de pensar muito, depois de muito ponderar. Disse que era uma situação que passava-se a todos os casais, depois de algum tempo, “veja que nós já estamos beirando os setenta”. O exaltado disse que fora enganado e que em caso de separação, jamais se casaria outra vez. O calmo disse que nessa idade, separar-se seria um suicídio. O exaltado disse que elas sabem disso e se aproveitam da situação. O calmo também passava por problemas semelhantes, também sofria com o esfriamento da relação, no entanto, pensava que não havia muito o que fazer.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Instantes depois as carnes já estavam no ponto e eu me aprontava para escolher a que me convinha e fazer o pagamento da compra.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Entrou uma senhora, alta, bonita, de lenço colorido prendendo os cabelos loiros e de máscara. Fora direto ao balcão porque sabia que o marido estava lá; era a mulher do exaltado. Este ao vê-la levantou-se, demonstrando alegria, a abraçou. Ela cumprimentou o amigo do marido à distância e perguntou curiosa o que tanto conversavam, aí eles responderam quase ao mesmo tempo, como se tivessem passado a fala: </div><div dir="auto" style="text-align: start;">“amenidades”!</div></div></span></div></div></div></div></div><p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-46250428169586177122022-01-23T14:16:00.005-03:002023-07-21T15:42:36.799-03:00Mary Quant<div><div dir="auto"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc dati1w0a e5nlhep0" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_2um"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql lr9zc1uh a8c37x1j fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v b1v8xokw oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">Professora de sociologia</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Bonita</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Vestida de saia à Mary Quant</div><div dir="auto" style="text-align: start;">E ela nos matava</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Sabia que estava nos matando</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Pelo prazer de matar</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Assassina!</div><div dir="auto" style="text-align: start;">(Suas coxas morenas, torneadas eram suas armas).</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Eu dizia em minha mente:</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Assassina!</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ela virava-se de costas e escrevia uma frase </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Lá em cima do quadro, </div><div dir="auto" style="text-align: start;">(Para nos provocar?)</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Como se eu não tivesse dito mentalmente nada.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">As vítimas idiotas,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Olhavam e eram apunhaladas.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ela matava todos nós,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">E nós sabíamos que estávamos no corredor da morte.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Só escaparíamos disso por sorte.</div></div><div class="cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql o9v6fnle ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">.................................... <br /></div><div dir="auto" style="text-align: start;">Yara</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Que nos leva para o fundo do mar,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Que sobe as escadas de saias curtas,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Que movimenta os quadris a cada degrau.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ela sabe que nos mata,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Ela é uma assassina nata, </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Comparável a professora de sociologia.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">A tarde a Yara sai,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Um cara vem buscá-la, na Rua Bahia, num carro conversível vermelho.</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Nós vemos os dois saírem, boquiabertos. Babacas!</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Os cabelos da Yara movimentam-se ao vento,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">E nós, os famintos, ficamos a olhar, só isto podemos fazer: olhar.</div></div><div class="cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql o9v6fnle ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;"></div><div dir="auto" style="text-align: start;">Como diz uma grande atriz: "eu tenho muita pena dos homens,</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Eles têm que sempre levantar a ferramenta."</div><div dir="auto" style="text-align: start;">Meu deus, o que a natureza nos fez?, digo eu.</div></div></span></div></div></div></div></div><p><br /></p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-55865551505770794432021-12-29T14:47:00.004-03:002021-12-29T16:57:16.698-03:00Hotel em Feira de Santana<div style="text-align: justify;"></div><p style="text-align: left;"><span style="font-family: verdana;"><span>Tomei o café da manhã do hotel que me hospedara por seis meses, em Feira de Santana. Era um bom café, sucos, com frutas da região, coalhada, etc. Não me esqueço do cheiro do melão caipira, aquele que a raposa saliva ao sentir o aroma de longe. Deixava a tapioca com manteiga da terra para o final, e a saboreava pausadamente, lentamente como eu aprendi com minha sobrinha; ela, mesmo como estudante de medicina, já sabia dos benefícios de se comer pausadamente, prestando atenção aos sabores, como se fosse um ritual religioso. Ela nunca me disse nada sobre isto, porém eu prestei muita atenção nela enquanto almoçava na casa de minha irmã em Campina Grande, pois foi a última a deixar a mesa. Sabem, muitas vezes não precisamos ouvir nenhum conselho diretamente, o que temos que fazer é prestar atenção aos gestos, aos comportamentos das pessoas e tirar as lições que nos interessam. <br /><br />Desci a escada do primeiro andar para o térreo, passei pela recepção e sai entusiasmado; o sábado me entusiasmava, me enchia de energia. Fui ao Tênis Clube para minha aula de tênis, finda a aula voltei suado ao hotel para uma chuveirada, em seguida saí pela rua em direção ao Mercado Municipal, parei em uma livraria que eu sempre parava, comprava jornais e revistas e também algum livro que me interessasse. Naquele dia comprei um livro sobre avaliações patrimoniais. Um sujeito adentrou a livraria, daquelas pessoas que já nos causam um pressentimento ruim, não por preconceito; nesses casos faz-se juízo de valor, por segurança. Fiquei folheando o livro, olhando com rabo de olho e vi que ele tinha um revolver, aparentemente um 38, pelo cabo e volume. Naquela época já estava aparecendo os assaltos, os delitos “leves” se comparados aos de hoje. O sujeito foi embora e eu respirei fundo, esperei o coração desacelerar, o nível de adrenalina baixar.<br />Aquele era um fim de semana que eu tinha que ficar na cidade, porque o acordo com a empresa que eu trabalhava era ir para São Paulo ver esposa e filhos a cada 15 dias, o que às vezes não acontecia, por vários motivos, os principais eram o excesso de trabalho, fechamento de balanço, visitas de colegas da Holanda, etc.<br />Em frente ao hotel havia uma senhora que fazia o melhor acarajé que comi até hoje, também vendia outras iguarias locais. A baiana toda paramentada com roupas típicas: saia rodada, de cores alegres, bata de renda bordada à “Rechilieu”, turbante, colar, etc. <br /><br />Havia locais para beber um bom chopp, acompanhado com queijo de coalho assado, na companhia de um paulistano, descendente de alemão, que bebia chopp como água! Os holandeses também gostavam de cerveja e era para esses locais que nós os levávamos.<br /><br />Bom, é o que tenho pra hoje. “Ademã que vou em frente”, como dizia Ibrahim Sued.<br /><br />Cotia, 29 de dezembro de 2021 </span><br /></span></p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-64737134112387941822021-12-11T15:51:00.010-03:002023-09-09T11:45:13.668-03:00Já comia bolacha<p style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"></span></span></p><div style="text-align: left;"><div><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc dati1w0a e5nlhep0" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_a8"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d">
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">No
sol causticante de meio dia um vendedor viajante, já cansado, suado
e com sede, em algum lugar do sertão¹, arriou sua pesada mala: era
um vendedor(às vezes um sírio libanês) de fitas, ros<span style="text-decoration: none;">ários,
panos de prato, prendedores de cabelo(grampo ou biliro), alfinetes,
colchetes, agulhas, novelos de linha para crochê, bicos rendados,
etc. </span></span></span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Parou
em frente a casa de taipa, cuja parte superior da porta holandesa
estava aberta, gritou e bateu palmas: “ô de casa”. Alguém respondeu lá dos
fundos, talvez do quintal, pelo som que soara distante: “Ô de
fora”. Ela, tímida disse: “boa tarde, se é que já é tarde,
pela graça de Deus”. “Deus seja louvado", e inclinando-se ligeiramente o vendedor respondeu, tirando o chapéu de palha da cabeça.</span></span></span></p><p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">O vendedor abriu a mala, ofereceu suas mercadorias para a dona da
casa, e pediu por favor um copo d'agua. (A dona da casa, que o
viajante não sabia o nome, mas como era de costume, a chamou de dona
Maria; caso fosse homem, o chamaria de seu José).</span></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif"><span face="Verdana, sans-serif">Ela
disse que não podia comprar nada, pois a safra de feijão e milho,
mal dava para eles comerem, por falta de chuvas regulares.<br /></span></span></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Ela
trouxe a água num copo de alumínio tão bem areado, que parecia ser
de prata sob a luz do sol.</span></span></span></p>
<p class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Um menino,
barrigudo, com as vergonhas de fora, curioso, encantou-se com os
produtos cheios de cores. Ele tinha em torno de oito anos, já
grandinho pra andar nu. A mãe disse: “avia menino, vai butar uma
calça”. Aí o vendedor perguntou: “dona Maria, que idade tem
esse menino?” Ela pensou, passou a mão no rosto, gastou algum
tempo tentando extrair a informação da memória: “sei direito
não, meu senhor, mas quando Frei Damião² passou por aqui ele já
comia bolacha.”</span></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Bom,
ficou tudo do mesmo tamanho porque o vendedor não sabia quando o
Frei Damião passara naquelas brenhas.</span></span></span></p><p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif"> </span></span></span></p><p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"></span></p><p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"></span></p><p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"></span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">¹“Sertão
é onde o pensamento da gente se forma mais forte que o lugar”, diz
o personagem “Riboaldo”, de Guimarães Rosa.</span></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">²Frei
Damião era um capuchinho italiano, cujo nome era “Pio Gianotti”.
O povo do Nordeste o tem como um santo e teria feito milagres. “Não
sou santo, mas apenas um frade”, dizia ele.</span></span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><br /><br /></span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><br /><br /></span></span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: verdana;"><br /><br /></span></span>
</p>
</div></div></div></div></div>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-69797267801582712882021-11-26T17:35:00.003-03:002021-11-26T17:35:55.011-03:00Esporte<p>
</p><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nunca
fui bom em esportes, futebol, vôlei, basquete, jogos de cartas, etc.
Pratiquei quase todos estes mas sem muito apetite. O único esporte
que me interessei foi o tênis, que comecei a jogar no Tênis Clube
de Feira de Santana. Lá eu tinha um professor que jogava em
campeonatos na Ilha de Itaparica, a terra do jornalista e escritor
João Ubaldo Ribeiro, e me dava aulas no citado clube. A empresa que
eu trabalhava me dera uma licença para usar provisoriamente o clube
da forma que me conviesse, e eu o usei jogando tênis. É que morei
em um hotel mais de 6 meses naquela cidade. Fiquei muito
entusiasmado, comprei raquetes pra mim e para meus filhos. Mas
percebi que o tênis era um esporte de gente fresca, de gente que se
achava superior às outras pessoas. Um jogador mais adiantado não
jogava com iniciantes; eles diziam que iam desaprender, perder o que
sabiam. A gota d'agua foi quando jogando em duplas aqui no
condomínio: eu perdi uma bola e meu parceiro ficou zangado, apesar
de que ele havia perdido várias e eu não falara nada. Eu disse:
“escute aqui, eu estou jogando pra me divertir, não estou em
nenhum campeonato do Roland Garros.” Mas não deixei de gostar do
esporte, ainda olho para minhas raquetes e as limpo feliz. Mas por
essa época eu já havia me interessado por corridas, que naquele
tempo chamávamos de “Cooper”, um tipo de treinamento “bolado”
pelo médico americano Kenneth Cooper. Os americanos do Norte
chamavam de “Jogging.” Aí corri mais de 10 anos direto,
participei de várias corridas aqui em São Paulo, sendo que a mais
famosa foi a de São Silvestre. Mas sem heroísmo, só para me
divertir e me sentir bem fisicamente no final.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na
empresa o pessoal jogava muito “truco”, às Sextas Feiras à
noite, após o expediente. Um jogo de cartas cheio de gritarias e
blefes. Nunca gostei. Isso tem a ver com a personalidade; não gosto
muito de exibição nem de holofotes, tampouco de espelho(não sou
narcisista).</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje
em dia acho que o futebol é um um esporte que eu deveria ter
investido mais. Joguei muito futebol de salão, no Colégio 10 de
Julho em Sousa/PB e nas quadras das empresas que trabalhei. Também
joguei futebol de campo, aos Domingos, nas várzeas que beiram o Rio
Tietê. Mas eu só era escalado para jogar de goleiro ou na defesa,
nunca como atacante; ficava mais tempo no banco! Vejam só: duas
vezes joguei futebol de salão numa quadra de piso de madeira, um
capricho, que ficava atrás da Concha Acústica do Pacaembu, que
oportunidade, não posso reclamar, né?</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
<p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-70727156232032338032021-11-26T17:29:00.006-03:002022-10-10T19:40:34.080-03:00Luquinhas é um filósofo<p>
</p><p class="western"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Sábado,
11-09-2021, final da tarde</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p class="western"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Luquinhas estava
sentado na cabeceira da mesa da cozinha comendo um sanduíche Bauru,
preparado pela Fabia e pela Lu, para rimar. Na realidade o sanduíche
dele era customizado, personalizado, porque ele não gosta de tomate
e na receita do Bauru tem que ter tomate; então era um misto quente:
pão francês, queijo e presunto aquecidos na chapa, como fazem os
bares e as padarias aqui de São Paulo. À cada mordida no sanduíche
ele fazia algum comentário, porque ele gosta de conversar, e de
comer!<br />Terminando de comer ele se dirigiu à Fabia e perguntou:
<br />Seu nome é Fabia, certo? A Fabia respondeu: <br />Sim.<br />Aí ele
observou:<br />Se seu nome é Fabia, porque chamo você de
madrinha?<br />Todos nós rimos muito. Explicações até religiosas,
de batismo, foram dadas, mas ele não ficou muito convencido.<br /><br />Aí
ele fez mais uma pergunta pra Fabia:<br />Você é irmã de meu pai,
certo? Apontando para o Felipe. A Fabia respondeu<br />Sim<br />A
pergunta dele fazia todo sentido porque a Fabia é tia dele. Deve ter
pensado, devia chamá-la de tia Fabia, ou simplesmente de Fabia.<br />Ele
está começando a entender esses tratamentos hierárquicos
familiares, que são complicados para uma criança de sua idade.<br /><br />Aí
na Paraíba, em Pernambuco, Estados de costumes que conheço mais
profundamente, fora São Paulo, quando um irmão ou uma irmã é tomado/a como
padrinho/madrinha, o tratamento continua sendo o mesmo de antes do
batismo, porque a posição de tio/tia é mais importante
hierarquicamente do que a de padrinho.<br /><br />O Luquinhas é um filósofo !</span></span></p>
<p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-74833337471646826192021-11-26T17:23:00.003-03:002021-11-26T17:23:41.885-03:00Bicicleta Ergométrica<p>
</p><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aqui
nesta região da Grande São Paulo, a qual os corretores imobiliários
chamam, por interesses comerciais, de Granja Viana, que fica a quinze
minutos da Faria Lima, subestimando o trânsito da Raposo Tavares,
não é Granja Viana, porque a Granja Viana era uma fazenda de
território menor. Aqui quando não está frio e garoando está
chovendo. Então é difícil fazer caminhadas diariamente. Tenho uma
bicicleta ergométrica que tem sido minha boa opção para evitar
crises no meu nervo ciático, uma dor que não desejo ao pior inimigo
(aliás nunca tive um e nem quero nenhum!). Estava vendo a Luciana
Gimenez usando sua bicicleta ergométrica, mas que bicicleta! Fui ao
Google e verifiquei o preço do equipamento da apresentadora, e aff!
Quase vinte mil reais; isto há alguns meses. Deve ser importada e o
preço varia com o Dólar. Acho até que nem era igual a dela. Vou ter
que levar a minha Caloi a um bicicleteiro, para fazer algumas
manutenções, e vai ficar novinha. </span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como
a bicicleta ergométrica não movimenta todo corpo, faço musculação
com dois pesos de três quilos cada um, para fortalecer os músculos
dos braços. Também os alongamentos que minha ortopedista japonesa
de 86 anos me recomendou. Custou, mas da última crise a dor sumiu;
porém ela volta sem aviso prévio caso eu deixe de me movimentar. A
doutora japonesa também sofre com esse incômodo. Esse conhecimento
dá mais autoridade a ela, auxilia nos diagnósticos.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bom,
vendi o peixe de hoje!</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Boa
segunda feira para todos nós.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cotia,
01-11-2021</span></p>
<p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-67429673764629129142021-11-26T17:11:00.003-03:002021-11-26T17:12:11.938-03:00Almoço de Domingo<p>
</p><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Almoço
de Domingo</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Aqui,
Domingo, é um dia de espaguete, lasanha(como se diz: massa ou
pasta), com molho de tomate, queijo parmesão ralado e azeite. Muita
gente também faz churrasco e bebe cerveja, que também é bom. Mas,
tradicionalmente é um dia que come-se massa, harmonizada com vinho.
Isto acontece porque São Paulo tem uma cultura italiana muito forte.
Para se ter uma ideia, nas décadas de 20/30 falava-se italiano
normalmente nas ruas de São Paulo, de tanto imigrante italiano que
havia. Havia também, em menor número, imigrantes de outros países,
porém os italianos eram a maioria. Hoje a composição da população
é diferente, há gente de todo planeta, é só caminhar pela Av.
Paulista pra ver. Os japoneses também pesam muito na população
desta cidade; os sírios-libaneses, etc.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Passei
no supermercado e comprei um vinho chileno, um pedaço de queijo
gorgonzola e um pão italiano redondo. Embora um pouco salgado, o
queijo gorgonzola é uma delícia. Melhor mesmo é o queijo parmesão
em pedaços para comer e bebericar antes do almoço, com a bebida dos
deuses, a mais antiga, o vinho. Porém o parmesão bom, é muito
caro.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">A
Neide fez uma boa macarronada com frango.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Lembrei-me
de um lugar na Itália, em frente ao hotel que estávamos na Via
Amadeo, no centro de Roma. O local chama-se “Amodeo”,
aproveitando o nome da rua ou da via.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Uma
casa que tinha tudo de massas, azeites, vinhos, molhos, vinagres,
pães, etc. Também servem saladas, sanduíches, taças de vinho.
Fomos algumas vezes lá, ao final do dia, depois dos passeios, das
caminhadas pela “cidade eterna”.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">A
pandemia nos privou a todos de viajar, perdemos mais de dois anos,
numa idade que não pode-se perder tempo. Como diz um amigo e
ex-colega, “uma ano em nossa vida pesa muito”.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Bom
Domingo.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><br /></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p><span style="font-family: verdana;"> </span></p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-71110657239968662172021-11-26T17:08:00.001-03:002021-11-26T17:08:34.023-03:00A vila<p>
</p><p align="LEFT" class="western"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A vila</span></p>
<p align="LEFT" class="western"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esta
semana lembrei-me da calma que reinava em Marizópolis quando era uma
Vila, das ruas poeirentas e sem nomes que mais pareciam cenas de
cidades do faroeste americano; ruas nomeadas e numeradas anos mais
tarde por vereadores, quando fora emancipada de Sousa, com nomes de
pessoas que conhecêramos e insistentemente ditas fundadoras. Salvo
algumas brigas de bêbados, de marido e mulher, era tudo tranqüilo:
“você é um corno convencido”, disse alto e em bom som que
atravessou a vila como um cometa, de canto a canto, uma mulher pega
em flagrante por seu marido, em plena madrugada e tiros disparados
para cima, pelo marido, talvez para justificar o “corno
convencido”.<br /><br />Meus pais sentavam nas cadeiras de balanço,
trançadas por “macarrãozinhos” , cantavam uma das músicas que
gostavam:“Emília” de Roberto Silva:<br /><br />Eu quero uma
mulher<br />Que saiba lavar e cozinhar<br />E de manhã cedo<br />Me acorde
na hora de trabalhar<br />Só existe uma<br />E sem ela eu não vivo em
paz<br />Emília, Emília, Emília<br />Eu não posso mais ….............</span></p>
<p align="LEFT" class="western"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br />(E
assim iam cantando esses versos e outros até inocentes e cheios de
amor. Ainda, felizmente, não se falavam em letras de músicas
machistas. A história tem que ser preservada e não
proscrita).<br /><br />Chagas Braga (nosso primo) andante inveterado,
movia-se pelas ruas escuras, lá pelas quatro de todas manhãs;
via-se aquele vulto de longe e o homem a poucos passos ia fazendo-se
reconhecer, fazendo-se revelar: de cabelos pretos, penteados pra
trás, sobrancelhas taturanas, olhos grandes, bigode fininho,
estatura média. Dizia com sorriso largo que estava tudo bem e que já
tomara seu café, que ele mesmo coara em um bule de ágda azul,
desenhado com flores, enquanto a mulher e os filhos dormiam.<br /><br />Os
quiosques perto do Mercado Municipal já davam sinais de que havia
ovos fritos com cuscuz de milho, tapioca com manteiga da terra, bife
de fígado acebolado, até sarapatel, para o café da manhã. Sim,
comia-se no café da manhã alimentos do almoço, e ainda come-se.<br /><br />O
cheiro de pão assado da padaria de dona Iracema já impregnava o ar
e os primeiros raios de sol projetavam-se sobre as nuvens esparsas
várias cores que via encantado o espectador, daqui de cima da serra
“Pedra Talhada”.</span></p>
<p> </p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-39422396576408754432021-11-26T17:00:00.001-03:002021-11-26T17:01:12.806-03:00Nissei falante<p align="JUSTIFY" class="western"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Nissei
falante</span></span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Parte
I</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Nissei,
ortopedista, 86 anos, delicada nos gestos e no falar, magra, olhos
miúdos e puxados, e o peso nas costas por descender de uma cultura
milenar; talvez por isso o corpo tenha arqueado como uma casca de
melancia. Fala com segurança, mostrando muita sabedoria. </span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Ela
disse, depois de levantar-se para me atender à porta: “entre e
sente-se” e deu meia volta ao redor da mesa para sentar-se.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Pegou
minha ficha já previamente preenchida, com meus dados básicos, pela
assistente, olhou e confirmou alguns dados. Aí ela olhou pra mim e
perguntou: “o que o senhor tem?” Eu disse: “estou com problema
no nervo ciático.” Ela disse: “sei o que é isto, porque ele
também me perturba.” Pegou o estetoscópio e mediu minha pressão.
“Está um pouco alta”, disse ela, “mas para sua idade, não tem
tanto problema.” “Toma remédio pra pressão?” Eu disse que
sim. “Qual?” Tirei do bolso parte da caixa do remédio, que
sempre carrego no bolso e mostrei-lhe. Ela disse:”toma mais algum?”
Eu disse sim, “este aqui,” também mostrei-lhe parte da embalagem
do outro remédio, para próstata.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Ela
disse: “tem que fazer alongamentos ou fisioterapia ou pilates.”</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Eu
pensei: uma médica com a experiência que tem e ainda sofre do mesmo
incômodo que eu, então estou com sorte! Ela pediu-me mais
informações, se eu já tinha tido alguma crise, etc. Eu disse: “há
mais ou menos quatro anos.” Acrescentei que fizera vários exames e
que tomara antibióticos e anti-inflamatórios.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Ela
pediu-me para sentar-me na maca clínica e pressionou minha coluna de
cima a baixo, de várias formas, sempre me perguntando, a cada
vértebra, se eu estava sentindo dor. Na última vértebra, tendo o
cóccix como vizinho de baixo, senti dor. Ela disse: “não é tão
grave, vamos pedir uma ressonância magnética”. Ela disse
brincando: “já estava me preparando para dar-lhe uma injeção,
mas não é o caso.” Receitou-me um comprimido para tomar via oral,
uma vez por dia, após o almoço.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">“<span style="font-family: verdana;">Uma
pergunta doutora: “posso beber um vinhozinho, indaguei já
adivinhando a resposta?” Ela disse: “cortaria o efeito do
remédio.” Calei-me.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Entre
essas conversas ela falou bastante. Uma “japa” que fala muito.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Disse
que dirige e quando sente dor toma Novalgina. Eu falei pra ela que
tomei esse remédio, há muito tempo, mas não me senti bem; tive o
batimento cardíaco acelerado; pode ter sido erro na dose; pensei,
mas não falei.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Parte
II</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">O
exame de ressonância magnética naquela máquina que parece um tubo,
o túnel do metrô, é um horror, principalmente para quem tem
problema claustrofóbico. No início estava me sentindo um
astronauta. Tive que vestir uma roupa azul clara, tirar tudo que
havia de metal; esqueci de tirar minha prótese dentária, embora a
enfermeira tivesse me orientado a tirá-la. Coloquei protetores
auriculares, depois vi a razão de usar esse item de EPI: no decorrer
da leitura a máquina emite vários sons altos; noutro momento parece
com o som de uma máquina de costura. Num desses instantes estava
cochilando e me assustei.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">O
exame durou em torno de vinte e cinco minutos. A enfermeira disse,
como se estivesse aliviada: “pronto, acabou!”</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">III
Retorno com a “Japa”.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Retornei,
com um envelope imenso contendo as chapas e um relatório de uma
página. Médico, muitas vezes, quer saber o que está escrito no
relatório feito pelo laboratório, raramente um médico verifica
aquelas imagens em celulose, imagens que parecem fitas de filmes.
Levei também um relatório de um exame feito em 2014. A médica
comparou os dois relatórios e verificou que não havia muita
diferença. “O que o senhor acha, sua situação em 2014, era
melhor ou pior que a de hoje?” Eu respondi: “em 2014 foi pior,
não conseguia andar direito e toda hora tinha que parar para
descansar.” Ela escutou e repetiu que “sabia muito bem o quanto
isso dói.”</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">No
meu caso há uma vértebra pinçando um nervo. </span>
</p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Bom,
falamos sobre outros assuntos, até sobre o que Buda disse sobre
desprendimento, sobre coisas materiais, desapego, jardinagem, etc.
Falamos também sobre o bairro da Liberdade, comidas. Ela disse:
“coma tudo que você gosta e lhe der prazer, porque na minha idade
geralmente come-se muito pouco.” “Tome um cálice de vinho por
dia, é bom para o coração.”</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Ela
disse: “quando sinto dor, tomo Novalgina.” E eu esperando que ela
me desse uma receita; entretanto não me deu, não prescreveu um
"cibasol". Aí lembrei de minha mãe: “quem já viu um
médico que não receita remédio para um doente, não é médico?!”
E tinha que ser daquelas receitas escritas, que precisavam adivinhar
o que estava escrito, precisariam de alguém como </span><span style="font-family: verdana;"><i>Champolion</i></span><span style="font-family: verdana;">,
que decifrou o hieroglífica na “Pedra de Roseta.” (Por sinal vi
essa pedra no Museu Britânico, me emocionei, não piscava os olhos,
não parava de olhar, por tudo que já havia lido sobre ela, todo
simbolismo que representa).</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">A
médica disse: “aconselho-o a procurar uma das seguintes
modalidades de exercício: Ioga, Pilates ou Natação.” Aí ela
disse:”no seu condomínio tem.”</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Perguntou
se eu era magro no passado. Eu disse que sim, que correra mais de dez
anos; inclusive a São Silvestre, sete anos; aí ela disse: ”não
pode correr agora.” Eu respondi: “sim, mesmo se quisesse.”</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">Gostei
dessa médica, ela fez-me perceber o peso de sua cultura asiática
mesmo sendo brasileira; de filosofia de vida, transmite muita
tranquilidade ao paciente, através de um diálogo saltado,
intercalado, que navega por assuntos diversos e volta ao objeto da
consulta.</span></p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;">26/08/2021</span></p>
<p class="western"> </p>
<p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</p>
Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4497604705769616399.post-50483573183422468182021-11-26T16:48:00.001-03:002021-11-26T16:48:39.852-03:001932<p>
</p><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif"><b>O
que a Paraíba tem a ver com a Revolução de 1932, em São Paulo.</b></span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Como
sabemos em 26 de julho de 1930 João Pessoa foi assassinado pelo
advogado João Dantas, ajudado pelo cunhado, em uma confeitaria no
centro de Recife. João Pessoa fora ao Recife para visitar um amigo
que tinha sido operado e João Dantas aproveitou aquele momento para
assassiná-lo. A confeitaria Glória ficava na Av. Dantas Barreto,
precedida da Av. Guararapes, da Ponte Duarte Coelho e da Av. Conde da
Boa Vista; locais famosos e importantes da Veneza brasileira.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Pois
bem, quais foram os motivos que levaram João Dantas planejar e
executar o assassinato? Há pelo menos duas teorias conspiratórias:</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><ol><li><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">João
Pessoa atacava as oligarquias paraibanas da época, mexeu com o
“stabillishment”, envolvendo famílias: Pereira(Princesa
Isabel), Suassuna(Catolé do Rocha), Dantas(Teixeira). Tirava
privilégios dessas famílias através de regulações, nomeando
interventores, etc.</span></span></p>
</li></ol><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif"> O
escritório de João Dantas fora invadido, revirado e encontrado
documentos que o jornal a União publicou. A invasão foi usada
politicamente.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><ol start="2"><li><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">João
Dantas tinha uma namorada, Anayde Beiriz. Na invasão do escritório
foram encontrados poesias de João Dantas e exposição de
intimidades com a namorada que o jornal não pode publicar, no
entanto deixou a cargo de uma delegacia de polícia para quem
estivesse interessado em ver.</span></span></p>
</li></ol><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Os
fatos acima podem ter sido determinantes para motivar o crime. Os
desfechos seguintes, foram prisão dos assassinos em Recife; João
Dantas e o cunhado foram encontrados mortos na cela; a namorada
Anayde foi para um convento de freiras e morreu envenenada.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">O
corpo de João Pessoa transitou por várias capitais até o
sepultamento no Rio de Janeiro. O assassinato o transformou em herói.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Mudaram
o nome do Estado da capital de Parahiba para João Pessoa(*) e também
alteraram a bandeira do Estado.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Foi
o fim da República Velha.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">A
Revolução Constitucionalista de 1932 representa o inconformismo de
São Paulo em relação à ditadura de Getúlio Vargas. </span></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">No
fundo o estopim da Revolução de 1932 foi o assassinato de João
Pessoa, após uma série de acontecimentos.</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">Antonio
Lins</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">09-07-2021</span></span></p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: verdana;"><span face="Verdana, sans-serif">(*)Curiosidade:
</span><span face="Verdana, sans-serif"><span style="font-weight: normal;">João
Pessoa, foi chamada por diversos nomes: Filipeia, Filipeia de Nossa
Senhora das Neves, Frederica ou Frederikstad ( na época da ocupação
holandesa ) e Parahyba. </span></span></span>
</p><span style="font-family: verdana;">
</span><p><span style="font-family: verdana;"> </span></p>Antonio Linshttp://www.blogger.com/profile/11919371445981723060noreply@blogger.com0